Ficha de Especialização
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Mariana A. Lima
Lindsey Johnson
Alyna Matthews
Lucy Heartphilia
Abigail Winters
James Kröwmaeff
Thomas Cavanaugh
Dylan A. Furt. Looken
Chris Hernandez Vega
Jullia Greywood
Alec Fronchwinsk Löhnhoff
Sky Wëhrl Wermöhlen
Brooke Weizsäcker
Cora Jones
Herkko P. Niklas-Salminen
Seiko Norwood
Cameron Ayden
Lily Wölf Green
Cassie Hudsson
Jack V. Petrov
Donna Marie Pinciotti
Michelle Greywood
Helen D. Stone
Marcio Voux
Nicholls M. L. Heawrt
Noah B. Hastings
Tiberius Zaunberry
Jake L. Dwyer
Anthony P. Corwell
33 participantes
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Ficha de Especialização
Relembrando a primeira mensagem :
Apesar de facultativas, as especializações dão vantagens quase que irresistíveis, e são de relevante importância na vida ON dos sobreviventes. Assim, a ficha a seguir tem a funcionalidade voltada somente para o adicionamento das especializações e suas respectivas vantagens, sendo o único modo de adquiri-las. A ficha deverá ser postada nesse mesmo tópico para que recebam a avaliação - seja a aprovação ou reprovação.
✶ Cada player pode ter no máximo três especializações, caso faça uma quarta ficha ela será ignorada.
✶ O nível mínimo para ter uma especialização é 1, e a partir daí só no nível 15 e depois no 30.
✶ Fichas incoerentes, com muitos erros ou fora do padrão serão reprovadas.
✶Caso o nível necessário para a segunda e a terceira especialização não tenha sido atingido, a ficha será automaticamente reprovada.
✶ Qual especialização deseja adquirir? {Dentre a lista de especializações, deve escolher uma}
✶ Por que deseja ter essa especialização? {Aqui deve colocar o motivo de ter essa especialização}
✶ Seu nível: {Aqui deve colocar o seu nível}
✶ Qual a sua relação passada com a especialização? {Para uma maior coerência, seu personagem deve ter tido alguma relação pré ou pós-apocalíptica com a especialização almejada, por menor que seja}
✶ Relate uma situação onde você use a especialidade escolhida, demonstrando seus conhecimentos sobre ela. {Aqui deve relatar uma experiência usando características da especialização.}
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ficha de especialização
a morte é apenas o começo
Apesar de facultativas, as especializações dão vantagens quase que irresistíveis, e são de relevante importância na vida ON dos sobreviventes. Assim, a ficha a seguir tem a funcionalidade voltada somente para o adicionamento das especializações e suas respectivas vantagens, sendo o único modo de adquiri-las. A ficha deverá ser postada nesse mesmo tópico para que recebam a avaliação - seja a aprovação ou reprovação.
REGRAS
✶ Cada player pode ter no máximo três especializações, caso faça uma quarta ficha ela será ignorada.
✶ O nível mínimo para ter uma especialização é 1, e a partir daí só no nível 15 e depois no 30.
✶ Fichas incoerentes, com muitos erros ou fora do padrão serão reprovadas.
✶Caso o nível necessário para a segunda e a terceira especialização não tenha sido atingido, a ficha será automaticamente reprovada.
FICHA
✶ Qual especialização deseja adquirir? {Dentre a lista de especializações, deve escolher uma}
✶ Por que deseja ter essa especialização? {Aqui deve colocar o motivo de ter essa especialização}
✶ Seu nível: {Aqui deve colocar o seu nível}
✶ Qual a sua relação passada com a especialização? {Para uma maior coerência, seu personagem deve ter tido alguma relação pré ou pós-apocalíptica com a especialização almejada, por menor que seja}
✶ Relate uma situação onde você use a especialidade escolhida, demonstrando seus conhecimentos sobre ela. {Aqui deve relatar uma experiência usando características da especialização.}
- Especializações disponíveis:
- Armas brancas
Acampistas
Atiradores de elite
Artilharia pesada
Analisas
Curandeiros
Saqueadores
Mecânicos
Death is only the beginning ♦ Walkers
Última edição por Anthony P. Corwell em Seg Nov 09, 2015 9:48 pm, editado 2 vez(es)
Re: Ficha de Especialização
avaliação
a morte é apenas o começo
— Dylan A. Furt. Looken: Então, cara... Desde o comecinho da tua ficha eu notei os erros que perduraram até o fim dela e, então, me fizeram te dar essa resposta. Primeiro, acho que a formatação do teu post piorou muito a situação, porque era uma letra pequena e deveras escura, com as perguntas não destacadas das respostas e ainda por algumas vezes tudo junto. Pode parecer besteira, mas atrapalha na hora da leitura.
Também notei erros de pontuação ao decorrer dela - que devem ser retirados com a ajuda de corretores ortográficos ou com uma lida em voz alta, interpretando cada pausa da maneira certa e pontuando de acordo com isso -, além de uma facada na coerência ao usar o termo "saqueador", que é uma nomenclatura não existente em on-game (mais informações no sistema de perícias). Ah, você também me pareceu raso em alguns momentos da ficha, ou melhor, ao todo na sua história, causando a sensação de que "tava faltando algo", entende? Você poderia consertar isso para ter uma ficha melhor do que a que aqui apresentou.
Com uma melhor formatação, tendo uma fonte maior, um espaçamento entre perguntas e respostas e cores mais claras (exceto as das falas), além de uma correção dos erros gramaticais e de coerência que citei acima, sua ficha com certeza vai ser aprovada. Mas, por hora, está reprovada. Ainda assim, não desista, tente de novo! Até a próxima!
— Thomas Cavanaugh: Então, cara. Li sua ficha, reli alguns trechos, revisei as respostas... e digo: não ficou ruim. É claro que alguns ajustes têm que ser feitos, como a esquematização de períodos - algumas vírgulas que botou eram, na verdade, para ser pontos - e outros pormenores como estrutura de parágrafo e falas, que você tem que se comprometer a mudar, ou vai acabar tendo outros resultados prejudicados em narrações futuras. No mais, meus parabéns, saqueador!
Também notei erros de pontuação ao decorrer dela - que devem ser retirados com a ajuda de corretores ortográficos ou com uma lida em voz alta, interpretando cada pausa da maneira certa e pontuando de acordo com isso -, além de uma facada na coerência ao usar o termo "saqueador", que é uma nomenclatura não existente em on-game (mais informações no sistema de perícias). Ah, você também me pareceu raso em alguns momentos da ficha, ou melhor, ao todo na sua história, causando a sensação de que "tava faltando algo", entende? Você poderia consertar isso para ter uma ficha melhor do que a que aqui apresentou.
Com uma melhor formatação, tendo uma fonte maior, um espaçamento entre perguntas e respostas e cores mais claras (exceto as das falas), além de uma correção dos erros gramaticais e de coerência que citei acima, sua ficha com certeza vai ser aprovada. Mas, por hora, está reprovada. Ainda assim, não desista, tente de novo! Até a próxima!
— Thomas Cavanaugh: Então, cara. Li sua ficha, reli alguns trechos, revisei as respostas... e digo: não ficou ruim. É claro que alguns ajustes têm que ser feitos, como a esquematização de períodos - algumas vírgulas que botou eram, na verdade, para ser pontos - e outros pormenores como estrutura de parágrafo e falas, que você tem que se comprometer a mudar, ou vai acabar tendo outros resultados prejudicados em narrações futuras. No mais, meus parabéns, saqueador!
atualizado!
Death is only the beginning ♦ Walkers
Re: Ficha de Especialização
✶ Qual especialização deseja adquirir?: Saqueador.
✶ Por que deseja ter essa especialização?: Porque me dou muito melhor interpretando personagens furtivos e ágeis, que sabem se esconder e aproveitar-se disso, do que personagens ofensivos e que atacam diretamente o inimigo. Claro que pretendo tornar o meu poderoso no futuro, mas, por ora, acredito que essa especialização seja a mais adequada com relação à sua trama.
✶ Seu nível: 1.
✶ Qual a sua relação passada com a especialização?: James era, no mundo pré-apocalíptico, um contrabandista. Ele e sua quadrilha viajavam por todo o mundo (mais comumente pela Europa) comercializando produtos ilícitos (como drogas e armamentos dos mais variados tipos) e produtos lícitos, mas cuja fiscalização é maior (como medicamentos, álcool e tabaco). Seu trabalho necessitava de extrema cautela, precisando entrar e sair de lugares sem ser visto, o que praticamente o obrigou a mudar sua personalidade audaciosa e baseada em seu lado emocional para uma mais desconfiada e baseada em seu lado racional — e isso, somado ao seu porte físico magro, alto e pouco volumoso, contribuiu e muito para torná-lo o Saqueador perfeito.
✶ Relate uma situação onde você use a especialidade escolhida, demonstrando seus conhecimentos sobre ela:
✶ Por que deseja ter essa especialização?: Porque me dou muito melhor interpretando personagens furtivos e ágeis, que sabem se esconder e aproveitar-se disso, do que personagens ofensivos e que atacam diretamente o inimigo. Claro que pretendo tornar o meu poderoso no futuro, mas, por ora, acredito que essa especialização seja a mais adequada com relação à sua trama.
✶ Seu nível: 1.
✶ Qual a sua relação passada com a especialização?: James era, no mundo pré-apocalíptico, um contrabandista. Ele e sua quadrilha viajavam por todo o mundo (mais comumente pela Europa) comercializando produtos ilícitos (como drogas e armamentos dos mais variados tipos) e produtos lícitos, mas cuja fiscalização é maior (como medicamentos, álcool e tabaco). Seu trabalho necessitava de extrema cautela, precisando entrar e sair de lugares sem ser visto, o que praticamente o obrigou a mudar sua personalidade audaciosa e baseada em seu lado emocional para uma mais desconfiada e baseada em seu lado racional — e isso, somado ao seu porte físico magro, alto e pouco volumoso, contribuiu e muito para torná-lo o Saqueador perfeito.
✶ Relate uma situação onde você use a especialidade escolhida, demonstrando seus conhecimentos sobre ela:
•••
O Sol havia acabado de desaparecer no horizonte quando o capitão mandou chamá-lo.
Naquele momento, James se encontrava ocupado no compartimento de carga do navio. Depois que o imenso cargueiro havia esbarrado em um iceberg (um acidente cujas proporções, felizmente, não alcançavam nem 1/10 do que acontecera com o Titanic), o comandante do navio decidira mandar alguém inspecionar os inúmeros contêineres de mercadorias para certificar-se de que nenhuma havia sido comprometida. Na melhor das hipóteses, qualquer dano mínimo poderia facilmente causar-lhes um prejuízo de milhares de euros — na pior, milhões. Não era uma ideia que pudesse simplesmente ser deixada de lado.
Aquela tarefa era, inicialmente, de Charles. O conferente de carga era uma das poucas pessoas que ainda se encontravam na equipe desde sua fundação, o que ocorreu há exatos 11 anos, tal como James e o próprio capitão do navio — ou pelo menos era assim até duas semanas atrás. No entanto, essa é uma história para outro dia. Em breve você descobrirá exatamente o que aconteceu com ele, caro leitor, mas tudo o que você precisa saber por hoje será revelado nos próximos parágrafos.
O compartimento de carga era um espaço enorme. Possuía um volume total de cerca de 32 mil metros, sendo 80 de altura, 40 de largura e 8 de profundidade. Sua capacidade total era de cerca de 600 contêineres, um número relativamente pequeno para um navio cargueiro, mas perfeito caso você não queira chamar muito a atenção das autoridades — e ainda proporciona uma boa velocidade no mar, por conta do seu baixo peso. Se localizava no segundo andar da embarcação, logo acima da sala das máquinas e logo abaixo do convés, onde se encontravam as cabines da tripulação e a torre de comando. Ele estava preenchido por diversos recipientes de metal das mais variadas cores, cada um contendo um tipo diferente de mercadoria e muito bem lacrados.
Esse, por sinal, é justamente o motivo de todas aquelas pessoas estarem naquele navio, naquele exato momento: os produtos transportados. A essa altura, você já deve ter notado que aquela embarcação não trabalhava com fins propriamente legais. O contrabando, apesar de ser considerado um ato ilícito há centenas de anos em todo o mundo, persiste até os dias de hoje e é uma das maiores e mais fáceis formas de se ganhar dinheiro. As pessoas que entram nesse ramo o fazem por diversos motivos, desde ganância até necessidade, mas não pense que todas elas são pessoas más — criminosas, sim, mas poucas possuem uma mente realmente maligna. Elas fazem o que é preciso para sobreviver, ainda que algumas pensem em um território mais distante e sejam dominadas pela luxúria e ambição, seja ela de poder ou dinheiro.
Deixemos, porém, isso tudo de lado. Não queremos desviar do foco da nossa história — apenas achei melhor inseri-lo um pouco no contexto da vida do nosso personagem, para que os fatos fiquem mais claros.
Enquanto James caminhava de um lado para o outro, rabiscando anotações acerca do estado da carapaça de metal dos contêineres, em sua ficha de relatórios, ele pôde ouvir o som de metal raspando contra metal a alguns metros de si. Ao se virar, deparou-se com um homem apoiado no batente da porta recém-aberta, no topo da escadaria que conduzia ao convés. Ele era um homem baixo, com uma barba por fazer cobrindo o rosto e um olho direito um pouco mais inclinado que o normal. Suas roupas estavam sujas de graxa, o que conferia à camisa vermelha um tom escuro como sangue, apesar de intocar a tonalidade da calça preta. Ele sorriu ao ver seu parceiro.
— Não sei exatamente o que 'cê fez, Jay, mas o capitão 'tá te chamando. — falou o homem — Parece que é urgente.
James franziu o cenho. Não pela presença repentina de seu parceiro ou pelo trabalho interrompido, mas justamente por conta do chamado — seu capitão nunca pedia para um homem encerrar seu serviço e começar outro a menos que fosse de extrema importância. Em 11 anos de trabalho, aquilo só acontecera uma vez, quando um grupo de piratas havia tentado invadir o navio, no meio do Mediterrâneo. O imediato pousou a prancheta sobre um caixote de madeira ao seu lado e bufou, passando a mão pela testa suada para limpá-la.
— 'Tá certo. — respondeu James — Diga a ele que já vou. Preciso de um minuto para descansar.
A cabine do capitão era um lugar bonito.
Quando o imediato do navio bateu duas vezes na porta de madeira para certificar-se de que sua entrada era permitida, demorou alguns segundos para uma voz lá dentro responder com um murmúrio de "pode entrar". E assim James o fez. Ele já estava acostumado a encontrar-se com seu parceiro de equipe naquela mesma sala, mas ainda assim a beleza rústica do local o impressionava toda vez que ele entrava lá.
Sua superfície era de aço, tal como todo o restante da estrutura do navio, mas tábuas de madeira colorida haviam sido coladas nelas para parecer que a sala era feita inteiramente deste material — as paredes e o chão aparentavam ser de madeira de bétula, mais clara, com suportes de madeira de carvalho, mais escuros, cobrindo o teto, como se ele precisasse ser sustentado para não desabar. Quatro janelas vitorianas estavam espalhadas pelo local: duas nas paredes laterais, uma em cada, e duas naquela oposta à porta. No centro do cômodo havia uma mesa de escritório com uma cadeira-trono de um lado, logo abaixo da dupla de janelas, e dois simples bancos quadrados de madeira de um só lugar do outro. Todos os assentos tinham sido acolchoados com uma simples almofada vermelha, para dar um toque luxuoso ao ambiente. Nas paredes, logo abaixo das janelas, pequenos baús ou mesas de cabeceira estavam bem posicionados uns seguidos dos outros, com um espaço mínimo de cerca de dez centímetros entre eles. Sobre a mesa de escritório, também de madeira, estavam espalhados alguns objetos como quadros e molduras, folhas de papel e instrumentos de escrita aleatórios, como canetas e lápis. Um pedestal de ouro se encontrava em sua borda mais próxima da porta, onde o nome do capitão estava gravado em letras maiúsculas: "CPT. KYLE O'CONNELL".
Era óbvio que o dono daquele quarto havia tentado imitar a cabine de um capitão pirata — e com sucesso, diga-se de passagem. Nos espaços entre as janelas havia alguns quadros que aparentavam ser do Renascimento e cabeças de animais empaladas. James não precisava olhá-las para saber que se tratavam de um leão, uma puma e uma hiena — ele já estivera ali inúmeras vezes, o suficiente para memorizar sua ordem, posição e forma. Ele só não sabia se eram reais ou sintéticas, mas nunca tivera interesse de perguntar.
Ao entrar, o imediato se deparou com o capitão do navio parado sob um dos quadros dispostos nas paredes. A tela era uma réplica de O Juízo Final, de um artista holandês cujo nome James não conseguia se lembrar. Seu comandante encarava fixamente a obra com um olhar pensativo, como se repentinamente tivesse decidido dar uma boa olhada em seu conteúdo. Demorou alguns segundos até que se lembrasse da presença de seu parceiro de equipe e começasse a falar.
— Venha cá, Jay. — pediu. James obedeceu, adiantando-se alguns passos à frente e prostrando-se ao seu lado — Você já esteve aqui em meu gabinete diversas vezes. Algum dia já parou para observar e tentar interpretar o significado desta magnífica obra?
O imediato desviou o rosto do capitão e encarou o quadro. Só então se deu conta de que as imagens eram absolutamente desprovidas de sentido. Seus olhos passaram diversas vezes pela tela, absorvendo figuras como um homem sendo forçado a beber alguma espécie de líquido de um barril por dois demônios, um tipo de criatura negra (que lembrou a James um besouro) com uma faca na mão montada em um homem nu, uma mulher acariciando um monstro muito semelhante a um crocodilo e três pessoas empaladas em uma estaca de madeira no centro do que parecia as ruínas de uma vila em chamas. Foi inevitável para ele franzir o cenho, para, em seguida, voltar a encarar seu comandante.
— Hm... não, Kay. — respondeu — O que exatamente esse quadro representa? Ele não tem sentido algum.
O'Connell abriu um sorriso de canto, ainda com os olhos fixos na gravura. Não aparentava ter mais que 50 anos, o que, ainda assim, era um número relativamente alto se comparado aos 27 de James.
— O quadro é de um pintor holandês chamado Hieronymus Bosch. Fez parte do período renascentista, mas não o típico italiano, onde as pessoas faziam representações divinas e católicas, e sim do nórdico, onde as obras possuíam um cunho mais realista e cotidiano.
Era sabido por todos naquele navio que o capitão era um amante da arte. Antes de ingressar no ramo do contrabando e do mercado negro europeu, ele trabalhava em um museu de arte na França, onde participava de reuniões com artistas renomados para tentar restaurar obras antigas e leiloar aquelas que já não atraíam tanto o público. Aquilo explicava tanto o seu gosto pelo mundo artístico quanto seu leve sotaque francês, facilmente perceptível na pronúncia das letras R e O.
— Não entendo. Se este quadro se trata de uma obra realista e com um cenário do dia-a-dia holandês, porque seus elementos não possuem nexo algum? — para exemplificar sua fala, James ergueu o indicador e apontou um homem sendo assado em uma lareira por um demônio encapuzado.
— Ah, possuem. Sempre possuem. Bosch, apesar de na época em que viveu ser lembrado como louco, não tinha nada de insano. Ele, porém, não tinha uma visão muito otimista do ser humano. Ele se procupava profundamente com a maldade do homem, que, segundo a visão cristã, se encontrava mergulhado no pecado desde que Adão e Eva haviam sido expulsos do Paraíso. Este quadro representa o juízo final, onde cada pessoa é castigada de acordo com os seus próprios atos realizados em vida: alguns possuíam o vício em bebida — ele apontou para os dois demônios virando o conteúdo de um barril na boca de um homem aterrorizado —, enquanto outros queimavam pessoas porque estas eram consideradas hereges ou pecadoras — seu dedo se movimentou para a diagonal superior direita, parando no último local apontado pelo imediato —. Louco ou não, este homem era um gênio. Sua cabeça não se encontrava parada no tempo igual ao restante das pessoas da época. Muito pelo contrário: ela já se encontrava muitos séculos à frente, talvez, até mesmo, em um período mais avançado que o nosso atual.
James assentiu. Sua mente tentava processar o restante da imagem à sua frente após a explicação do comandante, tentando ligar algumas figuras à suas analogias com a realidade. Não obteve muito sucesso, portanto deixou o assunto de lado. Não acreditava que ele tivesse alguma relação com o real propósito que levara seu parceiro a convocá-lo para lá.
— Certo. Por que, exatamente, o senhor me chamou?
O capitão permaneceu alguns segundos imóvel, mas então virou-se e caminhou até seu assento do outro lado da mesa, onde sentou-se com movimentos leves. James o acompanhou, acomodando-se em um dos bancos no lado oposto do móvel.
— Eu o chamei para falar de Charles Lamartine.
O ambiente pareceu esfriar alguns graus. O coração de James espremeu-se em seu peito enquanto a memória voltava como um furacão à sua mente. Ele pousou os cotovelos sobre a madeira da mesa e afundou o rosto em suas mãos, como se não quisesse discutir aquele assunto naquele momento — o que, de fato, era verdade.
— Aquilo foi um acidente, Kay. — ele relembrou — Não foi culpa sua. Nem minha. Nem de qualquer outro membro desta tripulação.
O capitão assentiu.
— Sei disso. Não o chamei para acusá-lo de nada, Jay, muito menos para fazer-lhe perguntas. — ele deu outra pausa. James não gostava de quando ele fazia isso. Preferia uma conversa mais direta, sem espaço para atiçar a curiosidade dos interlocutores — Eu vim lhe fazer um pedido.
O imediato ergueu seu rosto. Suas sobrancelhas arqueadas relaxaram, e sua expressão pareceu suavizar um pouco — mas só um pouco. Ele não apreciava o rumo que aquele diálogo estava tomando, e com certeza não estava com paciência para tratar dele.
Ele fez um sinal para que o capitão prosseguisse.
— Em primeiro lugar, não me leve a mal. — continuou O'Connell — Você sabe que confio nele tanto quanto confio em você, até porque já estamos no mesmo barco, tanto no sentido literal quanto no figurado, há mais de dez anos. Não é pouco tempo. Mas... — outra pausa. Dessa vez, James não se irritou; estava preocupado demais com a conversa para se deixar levar por seu lado emotivo — Suspeito que ele esteja nos traindo.
Eu adoraria dizer que essa afirmação foi bem recebida pelo nosso personagem, querido leitor, mas não foi bem assim que aconteceu, apesar dele não tê-lo demonstrado. Tudo o que o capitão viu foi um homem cerrando os olhos e recebendo uma notícia ruim do melhor modo possível — o que este homem sentiu, no entanto, foi muito pior. Não tenho como descrever exatamente esta sensação porque, obviamente, eu não sou ele, mas lhe garanto que aquilo o abateu.
Para que você tenha noção da proporção da enxurrada emocional que nosso pequeno marinheiro teve a infelicidade de presenciar naquele momento, Charles é seu irmão adotivo. Eles cresceram juntos por 25 anos, quase toda a vida de James. Eles compartilharam as mais diversas situações que dois irmãos poderiam vivenciar juntos. Apesar do sangue que corre em suas veias ser biologicamente diferente, suas almas vivem no mesmo plano, na mesma sintonia, com a mesma frequência. Apesar de suas mães não possuírem nenhum parentesco em comum uma com a outra, eles são tão irmãos quanto dois gêmeos poderiam ser entre si. Aquela não foi uma notícia muito bem recebida, isso eu lhe garanto.
Mas, como todo bom ucraniano, James possui um coração de ferro. Ele não é do tipo de pessoa que demonstra fraqueza com facilidade — e menos ainda para a pessoa que lhe acolheu quando mais precisou. Kyle O'Connell é, sem sombra de dúvidas, o personagem mais importante na vida de James, fora o próprio Charles. Novamente, o motivo disso não lhe será revelado hoje, mas eu posso garantir-lhe que você o descobrirá em breve.
Após alguns longos segundos remoendo a informação que lhe acabara de ser passada, o imediato fez um sinal com os dedos, como se dissesse "continue".
— Não quero sobrecarregá-lo com muitos detalhes, então serei breve. — o comandante retirou de uma das gavetas da mesa uma pasta cinza. Ele a colocou sobre a mesa, e voltou a falar enquanto revirava suas páginas — A informação que chegou até mim foi que ele está considerando passar informações sobre o nosso grupo para a Interpol, em troca de ter sua pena suavizada. Não posso afirmar com certeza que isso é verídico, mas eu dificilmente teria motivos para duvidar dos meus contatos. Salvei a vida de alguns deles mais de uma vez, e isso não é algo tão banal a ponto de ser facilmente esquecido.
Foi nesse ponto que James recuperou a voz.
— Ele nunca faria isso, Kay, e você sabe disso. — seu tom de voz amargurado, somado ao seu sotaque ucraniano, poderia muito bem ter assustado o homem de meia-idade à sua frente. Se aquilo aconteceu, porém, ele não demonstrou — A Interpol poderia torturá-lo, ameaçar sua família ou mesmo usurpá-lo de todos os seus bens, mas ele jamais nos entregaria para ela. Alguns anos vivendo atrás de umas simples grades não são o suficiente para derrubar a moral daquele homem.
O capitão demorou vários segundos encarando seu imediato antes de voltar a falar. Seu olhar era de pena, e James reconhecia isso. Também repudiava o ato, mas manteve-se calado — não queria jorrar toda a sua raiva sobre a pessoa que mais lhe era importante no mundo.
— Está certo. — ele parou de revirar as páginas da pasta para só então puxar uma folha de uma delas. O líder analisou as palavras nela gravadas por um tempo, e a estendeu para seu parceiro — Acredito que todas as informações necessárias para que você cumpra sua missão estão aqui. Este é um pedido pessoal, não se esqueça disso, então você está livre para recusá-lo, se desejar. Mas, por ora, vá dormir. Esperarei uma resposta amanhã de manhã.
James não hesitou: ele apoiou as mãos na mesa e usou-a de suporte para se erguer. Agarrando a folha com a mão direita, ele virou-se para a saída e seguiu seu caminho sem soltar mais nenhuma palavra. De fato, ele havia se esquecido que o capitão havia designado a tarefa de checar a carga do navio, mas, mesmo que ele se lembrasse, duvido que a terminaria. Dormir era algo que ele apreciaria muito naquele momento.
Na manhã seguinte, James acordou mais cedo do que o habitual.
Após se levantar, vestir uma roupa adequada, satisfazer suas necessidades e tratar de sua higiene, ele considerou dar uma lida rápida na folha que seu parceiro o havia entregado. Abriu a gaveta de seu criado-mudo e a puxou de lá, sentando-se em sua cama para poder se concentrar melhor.
O resto da folha estava em branco, tal qual seu verso. James amassou-o e o guardou no bolso, levantando-se de um pulo. Em seguida, estapeou suas vestes e abriu a porta, fechando-a ao sair e seguindo seu caminho na direção da cabine no fundo do corredor. Tal como fizera ontem, ele deu duas batidas na porta de madeira, mas nenhuma resposta veio do interior da sala. Ele repetiu o ato e novamente não obteve resposta, então virou-se e seguiu pelo corredor na direção do convés principal.
James não demorou muito tempo procurando seu comandante. Como não o havia encontrado na região da proa do navio, seguiu para o refeitório, e lá estava ele sentado em uma das mesas. A sala estava lotada de marinheiros, cerca de 50 ou 60, o que significava que a maioria dos assentos estava ocupada. Apesar disso, não demorou muito para o imediato do navio localizar seu capitão em um canto isolado. Ele estaria sozinho, não fosse por um outro marujo, que parecia travar uma séria conversa consigo.
Sem hesitar, James se aproximou da dupla. No meio do caminho, amassou o papel até que ele se tornasse uma bola e o arremessou no lixo mais próximo. Já perto o suficiente dos dois, ele deu um pequeno toque na mesa, para indicar sua presença. O tom da conversa diminuiu rapidamente até que ela chegasse ao fim. Só então o contrabandista reconheceu o marujo que conversava com O'Connell: era George, o chefe de máquinas do navio. O imediato forçou um sorriso, como um cumprimento.
— Eu interrompi alguma coisa, senhores? — ele perguntou — Posso voltar outra hora, se desejarem.
— Não, não. — o capitão se levantou, e George o seguiu. Apenas o primeiro sorria — George, terá que me perdoar. Terminaremos nosso diálogo outra hora. Eu e James temos assuntos mais importantes para resolver.
O chefe de máquinas lançou um olhar indiferente para James, virou-se para o capitão e assentiu com a cabeça. Murmurou um "até depois" com seu sotaque inglês e retirou-se do recinto, indo se sentar com outro grupo de marinheiros. O imediato ocupou seu lugar no banco, e o capitão voltou a se sentar.
— Você se decidiu, Jay? — perguntou Kyle — Olha, eu não espero de verdade que você vá aceitá-lo, mas...
— Eu vou. — interrompeu o contrabandista — Mas, se me permite perguntar... por que eu? Justo o imediato do navio, que seria a segunda pessoa mais importante da equipe? Não seria mais fácil enviar algum outro marinheiro de confiança?
— Marinheiro de confiança? Que outro marinheiro de confiança? Confiança é justamente o motivo de eu tê-lo escolhido, Jay. Pensei ter deixado claro o suficiente a importância desta missão no arquivo que lhe entreguei. Além disso, Charles é seu irmão. Achei mais adequado mandá-lo do que qualquer outra pessoa.
O imediato passou a mão pelo rosto e bufou. Não queria fazer aquilo, mas também não podia deixar seu capitão na mão.
— 'Tá certo. Qual a senha, então?
— Os dois primeiros dígitos são, respectivamente, os primeiros números do mês e dia de nascimento, e os dois últimos são os últimos dígitos do ano. Pegue o resultado e dobre. — quando Kröwmaeff franziu o cenho diante de tamanha dificuldade, o outro marinheiro deu de ombros — Eu precisava de um código que nós dois pudéssemos lembrar. Já faz algum tempo desde que estive com a maleta em mãos, portanto a senha permanece a mesma.
James assentiu, relutante. Notou que estava com fome e ergueu seu braço, acenando para um dos atendentes. Ele estava pensando no que pediria para o café quando O'Connell endireitou sua postura, como se se lembrasse de um detalhe importante, mergulhou a mão em um dos bolsos de seu casaco vermelho-vinho e puxou de lá um pequeno chaveiro. Ele o estendeu para seu imediato.
— Quase me esqueci. Você vai precisar disso para entrar lá.
O homem agarrou o chaveiro com um gesto pouco bruto, analisou-o por alguns momentos e o guardou no bolso de sua calça. Além de contrabandista, James também se tornaria um ladrão. Ele não era o melhor exemplo de pessoa do mundo.
Quando na tela de seu relógio os números mudaram de 23:59 para 00:00, James já estava em terra firme. Seu navio havia atracado vários metros distante do porto, para não passar pela fiscalização da polícia portuária de Bristol, portanto o imediato tivera que descer em um bote salva-vidas e seguir por ele até a costa. As águas ao redor do Porto de Bristol estavam absurdamente poluídas, apresentando uma cor cinza ao invés do azul comum, então ele precisou tomar cuidado para que não fosse pego por uma onda repentina e mergulhasse naquela imundície.
Seria muito mais fácil atracar a embarcação no porto, alugar um táxi ir por terra até o centro de Bristol, mas eles não podiam correr o risco. Além disso, demoraria tempos até que todos os documentos fossem devidamente apresentados às autoridades — isso se a tripulação conseguisse convencê-las de que eles não queriam atracar de verdade e que já estavam de saída, para que elas não subissem no navio e decidissem inspecionar toda a mercadoria. Ficou decidido que James utilizaria o método do barco a remo.
Aquilo, porém, também implicava no fato dele não poder atracar. Ele tinha consigo seus documentos de cidadania europeia, mas sua entrada no país não fora devidamente autorizada pelo governo inglês, e ser pego resultaria em prisão, multa e, após isso, deportação. James não podia se dar ao luxo de ser visto. Portanto, aguardou até de noite para que a iluminação do local diminuísse e seguiu em um pequeno barco por um trecho escuro até finalmente atingir a costa. A atenção das autoridades havia sido atraída para um grande navio cargueiro, cerca de três vezes maior que o seu Bonaparte, cujas hélices aparentemente tinham se enroscado em um amontoado de algas marinhas. James não sabia se aquilo tinha sido planejado por seu capitão, e nem imaginava como isso seria possível, mas agradeceu pela distração.
Após isso, tudo o que ele precisou fazer foi seguir pelo litoral até entrar na região de Severn Beach. A praia estava deserta por conta do horário, então ele não precisou usufruir de sua furtividade para não ser visto. Em seguida, ele ligou para uma companhia de táxi, aguardou por um veículo e em menos de 40 minutos já seguia na direção de Redcliffe Way, em Bristol. Foi menos difícil do que o esperado — a parte mais complicada, porém, ainda estava por vir.
Cerca de 25 minutos depois, James já havia pago o taxista e se encontrava na porta do grande teatro. O nome "P. G. T. Beauregard", uma clara homenagem ao general Pierre Beauregard, participante da Guerra Civil Americana, estava estampado em uma imensa placa de ouro sobre a majestosa entrada do local, que mais parecia um palácio real do que um teatro em si.
De fora, estava mais que nítido que o estabelecimento se encontrava fechado. Suas portas estavam fechadas e trancadas, constatou James ao tentar abri-las, e as várias janelas não emitiam nenhuma luz. A boa notícia era que a rua estava quase que completamente deserta: ainda passava um carro ou outro de vez em quando, mas não havia absolutamente nenhum pedestre caminhando pela calçada.
Ele estava prestes a puxar o molho de chaves do bolso quando, com um aperto do coração, se deu conta de que provavelmente estava sendo observado. James disfarçou, fingindo voltar a andar, e deu uma espiada por cima de seu ombro. Seu palpite estava correto: havia câmeras por cima das portas, apontadas diretamente para a calçada, o que proporcionaria uma ótima visão do contrabandista, caso ele tentasse invadir. Porcaria, pensou. Kay não me preveniu sobre elas. Ele poderia ter sido mais direto.
Então, uma ideia surgiu em sua mente. O imediato prosseguiu seu caminho pela calçada, mas, ao invés de atravessar a rua, virou na esquina e seguiu reto. Mais ou menos no meio do quarteirão ele encontrou um beco, e, ao entrar nele, se deparou com uma única simples porta de metal ligando o interior do teatro com o exterior. A porta dos fundos, deduziu. Provavelmente era por ali que entravam e saíam os artistas que se apresentavam. Uma notícia melhor que essa? Não havia nenhuma câmera. Ao menos não que ele pudesse ver.
James se aproximou dela em passos rápidos. Puxou o molho de chaves do bolso, olhou ao redor para se certificar de que ninguém o estaria observando e testou uma por uma na maçaneta, tendo sucesso em destrancar a fechadura na quarta tentativa. O contrabandista abriu a porta sem hesitar e se apressou em entrar no teatro, trancando a porta atrás de si por precaução. A escuridão dominava o local. Seguindo seus instintos, ele tateou a parede ao redor da porta até se deparar com um pequeno interruptor, que logo ativou. As luzes se acenderam imediatamente.
Olhando ao redor, o criminoso pôde constatar que se encontrava em uma espécie de depósito. Era pequeno, do tamanho do quarto de uma criança em uma família de classe média, e guardava algumas caixas de papelão aleatórias. Quando James abriu uma, se deparou com diversas roupas de palhaço empilhadas, junto de alguns acessórios como narizes vermelhos e perucas de cabelo colorido. Provavelmente aquele era o local onde as fantasias chegavam depois de encomendadas. Ele não estava interessado naquilo — precisava achar o caminho para os camarins.
Os únicos caminhos disponíveis para sair daquela sala eram duas portas, cada uma na parede oposta à outra, que também estavam trancadas. O imediato estava prestes a destrancar uma delas quando pôde ouvir passos vindo do outro lado. Seu peito pareceu explodir. Ainda tinha gente naquele local? O que elas estavam fazendo ali? Tentando controlar seus sentimentos, James recuou para longe da porta e olhou ao redor, procurando um esconderijo, até que encontrou um espaço entre algumas caixas e se acomodou ali. Ele não podia ser visto.
Então, o contrabandista ouviu o barulho de uma chave sendo inserida em uma fechadura. Dois segundos depois, pôde ouvir a porta que ele havia escolhido para ir se abrindo com um rangido na articulação de metal. O aposento ficou em silêncio por vários segundos. Então, um "bip" soou e uma voz surgiu no cômodo.
— Deve ter sido algum problema na luz. Não tem ninguém aqui, câmbio.
Um rádio, deduziu. Esse lugar tem vigília noturna. Como não pensei nisso antes? Um instante depois, a luz voltou a se apagar e a porta voltou a se fechar. O barulho de chaves do outro lado do cômodo apareceu novamente, para então desaparecer e trazer de volta o silêncio. James não perdeu tempo: ergueu o corpo para se levantar e seguiu na direção da outra porta, mergulhado na vontade de sair o mais depressa possível daquele local.
Ele colou o ouvido à madeira e tentou ouvir algum indício de movimento do outro lado dela, mas não obteve sucesso. Se esforçando para fazer o menor barulho possível, o imediato levou uma das chaves até a fechadura e girou-a, destrancando a porta. Em seguida, abriu.
O que encontrou ali foi uma surpresa, pois esperava um corredor escuro com algumas outras portas, mas foi justamente o contrário: ele deu de cara com um enorme salão, ainda com algumas luzes de canto acesas nas paredes. Havia diversas fileiras de assentos uma em frente à outra e um grande palco de madeira, separado da plateia por uma cortina vermelha fechada pela metade. James agora se encontrava no lugar principal daquele imenso local: o salão de apresentações.
Ele não conteve um sorriso. Se estava ali, quer dizer que estava perto dos camarins — normalmente eles ficavam logo atrás do palco principal, ligado aos bastidores por uma porta e um longo corredor. Kröwmaeff decidiu não perder mais tempo: fechou a porta atrás de si, dobrou os joelhos em um agachamento e apressou o passo, andando furtivamente por trás da cortina. Mais de uma vez ele ouviu algumas vozes distantes e finalizou o movimento, mas logo que elas sumiam ele voltava a andar — provavelmente vinham da sala de controle, que era o local por onde os maquinistas controlavam a iluminação e o fechamento ou abertura das cortinas. Finalmente, depois de atravessar toda a extensão do palco, certificou-se de que ainda estava sozinho e seguiu pelos bastidores até a única porta disponível.
Para sua surpresa, ela não estava trancada. Aquilo provavelmente significava que ainda havia alguém naquela sala. James fechou um olho e tentou espionar por entre a grande fechadura, tendo sucesso parcial: era um corredor e suas luzes estavam acesas, mas ele não sabia dizer se havia ou não alguma pessoa lá dentro. Então, caminhou até um canto isolado, sentou-se atrás de dois grandes amplificadores de som, em uma região onde sabia que dificilmente seria visto, e esperou.
Passou-se muito tempo — mais especificamente, de acordo com seu relógio, 57 minutos — até que saísse alguém de lá. Quando isso aconteceu, James estava pronto: permaneceu imóvel enquanto inclinava a cabeça por uma fresta entre as duas grandes caixas de metal, por onde obtinha uma grande visão do palco. De lá, avistou uma mulher idosa em uniforme cinza arrastar uma caixa amarela contendo alguns produtos de limpeza por sobre o palco até a direção da porta por onde ele próprio viera. Ela puxou um molho de chaves do bolso, destrancou-a e entrou no cômodo, fechando-a ao trocar de sala.
Aquela era a oportunidade perfeita. O contrabandista não demorou em pular os dois amplificadores e correr na direção da porta aberta a poucos metros de si, espiando rapidamente para ver se não sobrara ninguém lá. Aparentemente a moça ainda não terminara seu trabalho, então ele precisava acabar de uma vez com o seu serviço. Ele entrou no corredor e diminuiu o passo, procurando impedir que suas passadas emitissem sons. Enquanto caminhava, o criminoso percebeu que cada porta continha um número de 1 a 10. Seu palpite novamente estava certo: aqueles realmente eram os camarins.
Qual era mesmo o número do quarto?, ele se indagou. Não era 3. Era... Sua memória pareceu iluminar-se de repente. A segunda porta à direita! Aproximando-se do cômodo, ele girou a maçaneta e constatou que estava destrancada. A faxineira provavelmente já havia passado por ali, mas talvez se esquecera de trancá-lo. James abriu a porta e entrou no quarto com um movimento brusco e rápido.
Novamente no escuro. Kröwmaeff voltou a tatear a parede em busca de um interruptor, e quando o encontrou, as luzes voltaram se acender. A sala tinha tudo que um camarim perfeito deveria ter, como nos filmes: havia diversos armários e espelhos, com mesas lotadas de cremes faciais e tintas para cabelo. Um cabideiro estava lotado de roupas dos mais variados tipos, como ternos, vestimentas infantis e fantasias. Havia também caixas espalhadas, semelhantes àquelas guardadas no depósito que ele usara para entrar no teatro, todas abertas e aparentemente vazias — exceto uma, do tamanho de uma TV de tela plasma, que continha diversos chapéus do mais variados tipos, como cartolas, chapéus de cowboy e bonés do estilo que alguns rappers americanos costumam usar.
Concentre-se, James. Você tem um trabalho a fazer. O marinheiro inspecionou rapidamente a sala ao seu redor. Ao todo havia sete armários, todos fechados e feitos de madeira, sem grandes detalhes ou enfeites. Nenhum deles tinha número, ao contrário da porta dos camarins, como ele estava esperando. Então, ele decidiu ir de um em um. De acordo com seus objetivos, ele tinha que encontrar algum fundo falso. Não parecia ser tão difícil.
O problema em si surgiu quando, após praticamente revirar todos os armários e procurar alçapões escondidos em todos os lugares possíveis, James não obteve sucesso algum. Ele tinha certeza de que nenhuma daquelas prateleiras de madeira possuía algum tipo de compartimento secreto. Ao fim da segunda tentativa, ele checou o horário — já estava ali fazia meia hora e nada. Então, um pequeno pensamento desesperado surgiu em sua mente: seria aquele o quarto certo? Não teria ele se confundido, quando na verdade o papel de instruções queria dizer a outra direita, sob o ponto de vista contrário ao que ele usara?
O criminoso mais uma vez se voltou aos armários. Vou tentar outra vez, pensou, tentando reunir o último fiapo de esperança restante em sua cabeça. Se não der certo, eu procuro nos outros quartos. Tem que estar por aqui. Ele apontou para os dois primeiros armários. Esses são de roupas e vestuário em geral. Em seguida, para os três seguintes. Certo, estes são os de maquiagens. Deve ser algum desses. Por fim, apontou para os dois últimos. Não, estes possuem cópias de roteiros e outros esboços improvisados. Posso descartá-los.
Assim, o contrabandista seguiu para o terceiro armário, o primeiro dos que continham maquiagem. O que o capitão me indicou? Armário número três? Este é um de seus principais defeitos, e o que ele mais se censura por ter: memória curta. Ele sabia que devia ter trazido o papel, mas também tinha ciência de que era muito arriscado. Se fosse pego, toda a sua tripulação estaria em risco. Certo, pode ser tanto o armário número três quanto o terceiro armário de maquiagens. Assim, ele abriu a prateleira à sua frente.
James não queria simplesmente revirar o conteúdo dela no chão, quebrá-la em diversas partes e só então descartá-la. Seu comandante tinha sido claro: "não deixe vestígios". Se soubessem que ele estivera ali, provavelmente olhariam as câmeras e o reconheceriam, o que era uma opção tão ruim quanto ser pego diretamente pelos guardas. Usando a mão, ele tateou todas as paredes possíveis de cada uma das quatro estantes, mas não conseguiu diferenciar uma da outra. Puxou as duas gavetas para fora do suporte, colocou-as suavemente no chão e tateou o interior do espaço restante, novamente sem sentir nada de especial. Frustrado, ele voltou a ajeitar as gavetas, fechou as portas duplas do armário e o socou com força, deixando parte de sua raiva esvair-se de seu corpo.
O barulho não tinha sido suficientemente alto para chamar a atenção de alguém, ele esperava. Voltou a conferir o relógio, que marcava agora 02:26 em seu visor. Merda, já?, ele se repreendeu. Tenho que acabar logo com isso. Então, seguiu para sua segunda opção: o quinto armário da fileira, ou o terceiro de maquiagens. O mesmo processo de antes se repetiu, agora mais rapidamente porque James já estava de saco cheio: após abrir as portas, tateou cada parede disponível, sem conseguir identificar alguma abertura diferente do normal. Em seguida, retirou as gavetas do lugar, tateou o compartimento em que elas ficavam e, após constatar o mesmo resultado de antes, não pôde evitar um ranger de dentes. Kay, espero que não me culpe se voltar de mãos vazias. Parte da culpa é sua por não me fornecer os mínimos detalhes. Reposicionou tudo em seu devido lugar, fechou as portas e socou também aquele armário, agora com mais raiva que antes.
Mas, dessa vez, James sentiu algo de diferente. Intrigado, o criminoso repetiu o ato, dessa vez com menos força, e pôde identificar o que o havia incomodado segundos atrás: um pequeno barulho de algo se deslocando, de porcelana batendo em porcelana, como se alguma coisa tivesse sido danificada no processo de busca pelo objeto misterioso. Ele se afastou alguns passos, analisando com mais cuidado aquele pequeno armário de madeira, procurando alguma brecha para conter algum tipo de compartimento secreto ou...
Seus olhos pousaram na região imediatamente sob a estante, onde havia um tapete impedindo que a madeira encostasse no chão de ladrilhos. Ladrilhos. Sem pensar, ele voltou a avançar para perto da vitrine e arrastou-a com cuidado para o lado. Então, já com seu caminho livre, ele puxou o tapete e se deparou com uma fina pedra de mármore branca, de aproximadamente 60 centímetros quadrados, solta do restante das pastilhas do chão. Mistério resolvido. E, assim, ele a puxou para o lado.
Em parte, ele já sabia que estava procurando por uma maleta. Suas instruções haviam deixado isso bem claro no último item a ser cumprido. Quando encontrou seu tesouro repousando em um amontoado de teias de aranha e canos de escoamento, sentiu-se tão ridicularizado por não ter procurado no lugar mais óbvio do mundo que sequer conseguiu sorrir de alívio. Deu alguns tapinhas em sua superfície para afastar os insetos incômodos, retirou-o daquele buraco e o depositou sobre uma das mesas do local. Era uma maleta bonita, digna de um advogado, feita de metal, de cor cinza mas com alça preta. Como estava ligeiramente enferrujada em alguns pontos, James pressentiu que já estava guardada naquele local havia um bom tempo — meses, talvez anos.
Sua fechadura era provavelmente o único fator diferente da maioria das malas encontradas em mercado. Ao invés de conter uma pequena fresta para a entrada de uma chave, havia quatro espaços para senha, todos eles indicando o número 0. James passou a mão pelo rosto e bufou. Certo, eu lembro. Passei duas horas memorizando esse número. Em poucos segundos a resposta fluía de volta para sua mente, como se ele já estivesse habituado a isso. Em movimentos rápidos, logo o contrabandista havia reposicionado os dígitos da fechadura para "0|5|7|6". Após um clique, sua tampa se abriu.
Todo o cansaço mental e físico de James sumiu em menos de um segundo, maravilhado e ao mesmo tempo assustado com o conteúdo do interior daquela maleta. Posicionados no canto um sobre o outro havia dois rifles de sniper, que logo o criminoso reconheceu como uma Barrett M82-A1 e uma Remington M24-A2, junto de duas pequenas caixas de munição do tipo .50 BMG. No centro, porém, se encontrava o item que mais impressionou o ucraniano: um saco ziploc transparente contendo dez pequenos montes de dinheiro, empilhados e amarrados com elásticos.
Ele permaneceu encarando todos aqueles objetos por um longo tempo. Não pareceu tanto assim para sua pequena mente ambiciosa e descontraída, que insistia em manter cravado o olhar naquele tesouro. Se seu trabalho já era ilícito antes daquele episódio, depois dele o nível de ilegalidade de seus atos subiu muito — mais do que ele poderia se orgulhar. No entanto, aquele momento durou pouco: quando ele ouviu passos surgindo lentamente do outro lado da porta que separava aquela sala do corredor afora, sua cabeça pareceu sair de um transe. Imediatamente James fechou e trancou a maleta, agachou-se no chão ao lado do buraco, arrastou o pedaço solto de ladrilho para seu devido lugar e cobriu-o com o tapete. Então, recolocou com cuidado o armário de volta para sua posição inicial e cessou seus movimentos, procurando saber se a pessoa que se aproximava já havia se afastado ou ido embora.
Infelizmente para ele, não. O som de lentas passadas ficava cada vez mais alto, ocasionando um pânico repentino no peito do contrabandista. Ele se ergueu de um pulo, agarrando a mala e correndo na direção da porta. Quando, porém, havia acabado de alcançar o interruptor, ouviu o som característico de um molho de chaves sendo balançado, e então uma chave sendo inserida na fechadura. Não havia tempo para pensar. James se afastou lateralmente de sua localização para se posicionar atrás da porta, encheu o pulmão de oxigênio e prendeu a respiração no exato momento em que ela se abria.
Para ser franco, caro leitor, nem mesmo James esperava que seu esconderijo desse certo. Naquele momento, tudo o que ele queria era não ser visto por ninguém, nem mesmo a faxineira do local, então agira no mais puro reflexo, ocultando seu corpo no abrigo que pudera pensar. Mas funcionou. Quem quer que tivesse aberto aquela porta, não demorou-se muito ali: tudo o que Kröwmaeff pôde ver foram as luzes se apagando e a porta se fechando, voltando a inundar o local no mais completo bréu. E assim ficou.
Quando James ousou movimentar-se novamente, seu relógio indicava que era 03:47. Mas ele não se importou muito com isso: sua missão estava parcialmente cumprida. Agora ele só precisava voltar para o navio. O problema, no entanto, seria encontrar o caminho de volta: pelas frestas da porta ele podia perceber que o corredor dos camarins estava tão escuro quanto aquela sala, ou seja, ele não poderia se localizar tão facilmente quanto como ele fizera para entrar ali.
Mas, apesar dos empecilhos e de ter demorado para que isso acontecesse, ele novamente obteve sucesso. O contrabandista descobriu que todas as luzes do lugar estavam apagadas, o que também excluía a possibilidade de poder encontrar sem querer com algum vigilante noturno — mas isso não diminuiu o seu nível de desconfiança. Aos poucos, porém, ele reuniu coragem e seguiu em frente, acendendo o máximo de luzes possível para conseguir se localizar em meio àquela penumbra, não se esquecendo de apagar uma a uma antes de finalmente conseguir sair pelo mesmo local que entrarara. Depois de deixar o depósito e trancar a porta dos fundos do teatro, ele seguiu pelo beco até a calçada e continuou seu caminho de antes, dessa vez com uma maleta em mãos.
Chegar na praia foi o menor de seus empecilhos: a companhia de táxi também mantinha motoristas noturnos, o que o salvou de precisar percorrer todo aquele caminho a pé. Já de volta para Severn Beach, Kröwmaeff seguiu pela costa até o seu pequeno barco a remo, onde acomodou-se. Localizou rapidamente o Bonaparte ancorado no mar a várias centenas de metros de distância, com as luzes habituais do convés, da torre de comando e do compartimento de carga brilhando em meio à escuridão do horizonte. Assim, pôs-se a trabalhar e a remar, certificando-se de manter-se longe do alcance das luzes de guarda do Porto de Bristol.
Foi no meio do caminho que James se lembrou de cumprir o sexto objetivo de sua pequena lista. Ele precisou reunir um pouco de coragem para livrar-se daquelas armas e — principalmente — do dinheiro, mas não se martirizou por isso: se seu capitão escondia aquelas armas, ele podia muito bem guardar outras consigo. Provavelmente dentro do navio, fora as que estavam armazenadas em caixotes e contêineres para serem comercializadas Europa afora.
O resto da história eu creio não ser necessário contá-lo. O marinheiro voltou à sua embarcação e encontrou-se com o capitão, que declarou a missão cumprida, e permaneceu em paz por um longo tempo. Mas tudo que é bom tem um fim, e foi inevitável que o mesmo acontecesse com nosso humilde personagem — prefiro, no entanto, deixar este conto para outro dia.
Com sorte, nos veremos em breve. Até logo.
Naquele momento, James se encontrava ocupado no compartimento de carga do navio. Depois que o imenso cargueiro havia esbarrado em um iceberg (um acidente cujas proporções, felizmente, não alcançavam nem 1/10 do que acontecera com o Titanic), o comandante do navio decidira mandar alguém inspecionar os inúmeros contêineres de mercadorias para certificar-se de que nenhuma havia sido comprometida. Na melhor das hipóteses, qualquer dano mínimo poderia facilmente causar-lhes um prejuízo de milhares de euros — na pior, milhões. Não era uma ideia que pudesse simplesmente ser deixada de lado.
Aquela tarefa era, inicialmente, de Charles. O conferente de carga era uma das poucas pessoas que ainda se encontravam na equipe desde sua fundação, o que ocorreu há exatos 11 anos, tal como James e o próprio capitão do navio — ou pelo menos era assim até duas semanas atrás. No entanto, essa é uma história para outro dia. Em breve você descobrirá exatamente o que aconteceu com ele, caro leitor, mas tudo o que você precisa saber por hoje será revelado nos próximos parágrafos.
O compartimento de carga era um espaço enorme. Possuía um volume total de cerca de 32 mil metros, sendo 80 de altura, 40 de largura e 8 de profundidade. Sua capacidade total era de cerca de 600 contêineres, um número relativamente pequeno para um navio cargueiro, mas perfeito caso você não queira chamar muito a atenção das autoridades — e ainda proporciona uma boa velocidade no mar, por conta do seu baixo peso. Se localizava no segundo andar da embarcação, logo acima da sala das máquinas e logo abaixo do convés, onde se encontravam as cabines da tripulação e a torre de comando. Ele estava preenchido por diversos recipientes de metal das mais variadas cores, cada um contendo um tipo diferente de mercadoria e muito bem lacrados.
Esse, por sinal, é justamente o motivo de todas aquelas pessoas estarem naquele navio, naquele exato momento: os produtos transportados. A essa altura, você já deve ter notado que aquela embarcação não trabalhava com fins propriamente legais. O contrabando, apesar de ser considerado um ato ilícito há centenas de anos em todo o mundo, persiste até os dias de hoje e é uma das maiores e mais fáceis formas de se ganhar dinheiro. As pessoas que entram nesse ramo o fazem por diversos motivos, desde ganância até necessidade, mas não pense que todas elas são pessoas más — criminosas, sim, mas poucas possuem uma mente realmente maligna. Elas fazem o que é preciso para sobreviver, ainda que algumas pensem em um território mais distante e sejam dominadas pela luxúria e ambição, seja ela de poder ou dinheiro.
Deixemos, porém, isso tudo de lado. Não queremos desviar do foco da nossa história — apenas achei melhor inseri-lo um pouco no contexto da vida do nosso personagem, para que os fatos fiquem mais claros.
Enquanto James caminhava de um lado para o outro, rabiscando anotações acerca do estado da carapaça de metal dos contêineres, em sua ficha de relatórios, ele pôde ouvir o som de metal raspando contra metal a alguns metros de si. Ao se virar, deparou-se com um homem apoiado no batente da porta recém-aberta, no topo da escadaria que conduzia ao convés. Ele era um homem baixo, com uma barba por fazer cobrindo o rosto e um olho direito um pouco mais inclinado que o normal. Suas roupas estavam sujas de graxa, o que conferia à camisa vermelha um tom escuro como sangue, apesar de intocar a tonalidade da calça preta. Ele sorriu ao ver seu parceiro.
— Não sei exatamente o que 'cê fez, Jay, mas o capitão 'tá te chamando. — falou o homem — Parece que é urgente.
James franziu o cenho. Não pela presença repentina de seu parceiro ou pelo trabalho interrompido, mas justamente por conta do chamado — seu capitão nunca pedia para um homem encerrar seu serviço e começar outro a menos que fosse de extrema importância. Em 11 anos de trabalho, aquilo só acontecera uma vez, quando um grupo de piratas havia tentado invadir o navio, no meio do Mediterrâneo. O imediato pousou a prancheta sobre um caixote de madeira ao seu lado e bufou, passando a mão pela testa suada para limpá-la.
— 'Tá certo. — respondeu James — Diga a ele que já vou. Preciso de um minuto para descansar.
•••
A cabine do capitão era um lugar bonito.
Quando o imediato do navio bateu duas vezes na porta de madeira para certificar-se de que sua entrada era permitida, demorou alguns segundos para uma voz lá dentro responder com um murmúrio de "pode entrar". E assim James o fez. Ele já estava acostumado a encontrar-se com seu parceiro de equipe naquela mesma sala, mas ainda assim a beleza rústica do local o impressionava toda vez que ele entrava lá.
Sua superfície era de aço, tal como todo o restante da estrutura do navio, mas tábuas de madeira colorida haviam sido coladas nelas para parecer que a sala era feita inteiramente deste material — as paredes e o chão aparentavam ser de madeira de bétula, mais clara, com suportes de madeira de carvalho, mais escuros, cobrindo o teto, como se ele precisasse ser sustentado para não desabar. Quatro janelas vitorianas estavam espalhadas pelo local: duas nas paredes laterais, uma em cada, e duas naquela oposta à porta. No centro do cômodo havia uma mesa de escritório com uma cadeira-trono de um lado, logo abaixo da dupla de janelas, e dois simples bancos quadrados de madeira de um só lugar do outro. Todos os assentos tinham sido acolchoados com uma simples almofada vermelha, para dar um toque luxuoso ao ambiente. Nas paredes, logo abaixo das janelas, pequenos baús ou mesas de cabeceira estavam bem posicionados uns seguidos dos outros, com um espaço mínimo de cerca de dez centímetros entre eles. Sobre a mesa de escritório, também de madeira, estavam espalhados alguns objetos como quadros e molduras, folhas de papel e instrumentos de escrita aleatórios, como canetas e lápis. Um pedestal de ouro se encontrava em sua borda mais próxima da porta, onde o nome do capitão estava gravado em letras maiúsculas: "CPT. KYLE O'CONNELL".
Era óbvio que o dono daquele quarto havia tentado imitar a cabine de um capitão pirata — e com sucesso, diga-se de passagem. Nos espaços entre as janelas havia alguns quadros que aparentavam ser do Renascimento e cabeças de animais empaladas. James não precisava olhá-las para saber que se tratavam de um leão, uma puma e uma hiena — ele já estivera ali inúmeras vezes, o suficiente para memorizar sua ordem, posição e forma. Ele só não sabia se eram reais ou sintéticas, mas nunca tivera interesse de perguntar.
Ao entrar, o imediato se deparou com o capitão do navio parado sob um dos quadros dispostos nas paredes. A tela era uma réplica de O Juízo Final, de um artista holandês cujo nome James não conseguia se lembrar. Seu comandante encarava fixamente a obra com um olhar pensativo, como se repentinamente tivesse decidido dar uma boa olhada em seu conteúdo. Demorou alguns segundos até que se lembrasse da presença de seu parceiro de equipe e começasse a falar.
— Venha cá, Jay. — pediu. James obedeceu, adiantando-se alguns passos à frente e prostrando-se ao seu lado — Você já esteve aqui em meu gabinete diversas vezes. Algum dia já parou para observar e tentar interpretar o significado desta magnífica obra?
O imediato desviou o rosto do capitão e encarou o quadro. Só então se deu conta de que as imagens eram absolutamente desprovidas de sentido. Seus olhos passaram diversas vezes pela tela, absorvendo figuras como um homem sendo forçado a beber alguma espécie de líquido de um barril por dois demônios, um tipo de criatura negra (que lembrou a James um besouro) com uma faca na mão montada em um homem nu, uma mulher acariciando um monstro muito semelhante a um crocodilo e três pessoas empaladas em uma estaca de madeira no centro do que parecia as ruínas de uma vila em chamas. Foi inevitável para ele franzir o cenho, para, em seguida, voltar a encarar seu comandante.
— Hm... não, Kay. — respondeu — O que exatamente esse quadro representa? Ele não tem sentido algum.
O'Connell abriu um sorriso de canto, ainda com os olhos fixos na gravura. Não aparentava ter mais que 50 anos, o que, ainda assim, era um número relativamente alto se comparado aos 27 de James.
— O quadro é de um pintor holandês chamado Hieronymus Bosch. Fez parte do período renascentista, mas não o típico italiano, onde as pessoas faziam representações divinas e católicas, e sim do nórdico, onde as obras possuíam um cunho mais realista e cotidiano.
Era sabido por todos naquele navio que o capitão era um amante da arte. Antes de ingressar no ramo do contrabando e do mercado negro europeu, ele trabalhava em um museu de arte na França, onde participava de reuniões com artistas renomados para tentar restaurar obras antigas e leiloar aquelas que já não atraíam tanto o público. Aquilo explicava tanto o seu gosto pelo mundo artístico quanto seu leve sotaque francês, facilmente perceptível na pronúncia das letras R e O.
— Não entendo. Se este quadro se trata de uma obra realista e com um cenário do dia-a-dia holandês, porque seus elementos não possuem nexo algum? — para exemplificar sua fala, James ergueu o indicador e apontou um homem sendo assado em uma lareira por um demônio encapuzado.
— Ah, possuem. Sempre possuem. Bosch, apesar de na época em que viveu ser lembrado como louco, não tinha nada de insano. Ele, porém, não tinha uma visão muito otimista do ser humano. Ele se procupava profundamente com a maldade do homem, que, segundo a visão cristã, se encontrava mergulhado no pecado desde que Adão e Eva haviam sido expulsos do Paraíso. Este quadro representa o juízo final, onde cada pessoa é castigada de acordo com os seus próprios atos realizados em vida: alguns possuíam o vício em bebida — ele apontou para os dois demônios virando o conteúdo de um barril na boca de um homem aterrorizado —, enquanto outros queimavam pessoas porque estas eram consideradas hereges ou pecadoras — seu dedo se movimentou para a diagonal superior direita, parando no último local apontado pelo imediato —. Louco ou não, este homem era um gênio. Sua cabeça não se encontrava parada no tempo igual ao restante das pessoas da época. Muito pelo contrário: ela já se encontrava muitos séculos à frente, talvez, até mesmo, em um período mais avançado que o nosso atual.
James assentiu. Sua mente tentava processar o restante da imagem à sua frente após a explicação do comandante, tentando ligar algumas figuras à suas analogias com a realidade. Não obteve muito sucesso, portanto deixou o assunto de lado. Não acreditava que ele tivesse alguma relação com o real propósito que levara seu parceiro a convocá-lo para lá.
— Certo. Por que, exatamente, o senhor me chamou?
O capitão permaneceu alguns segundos imóvel, mas então virou-se e caminhou até seu assento do outro lado da mesa, onde sentou-se com movimentos leves. James o acompanhou, acomodando-se em um dos bancos no lado oposto do móvel.
— Eu o chamei para falar de Charles Lamartine.
O ambiente pareceu esfriar alguns graus. O coração de James espremeu-se em seu peito enquanto a memória voltava como um furacão à sua mente. Ele pousou os cotovelos sobre a madeira da mesa e afundou o rosto em suas mãos, como se não quisesse discutir aquele assunto naquele momento — o que, de fato, era verdade.
— Aquilo foi um acidente, Kay. — ele relembrou — Não foi culpa sua. Nem minha. Nem de qualquer outro membro desta tripulação.
O capitão assentiu.
— Sei disso. Não o chamei para acusá-lo de nada, Jay, muito menos para fazer-lhe perguntas. — ele deu outra pausa. James não gostava de quando ele fazia isso. Preferia uma conversa mais direta, sem espaço para atiçar a curiosidade dos interlocutores — Eu vim lhe fazer um pedido.
O imediato ergueu seu rosto. Suas sobrancelhas arqueadas relaxaram, e sua expressão pareceu suavizar um pouco — mas só um pouco. Ele não apreciava o rumo que aquele diálogo estava tomando, e com certeza não estava com paciência para tratar dele.
Ele fez um sinal para que o capitão prosseguisse.
— Em primeiro lugar, não me leve a mal. — continuou O'Connell — Você sabe que confio nele tanto quanto confio em você, até porque já estamos no mesmo barco, tanto no sentido literal quanto no figurado, há mais de dez anos. Não é pouco tempo. Mas... — outra pausa. Dessa vez, James não se irritou; estava preocupado demais com a conversa para se deixar levar por seu lado emotivo — Suspeito que ele esteja nos traindo.
Eu adoraria dizer que essa afirmação foi bem recebida pelo nosso personagem, querido leitor, mas não foi bem assim que aconteceu, apesar dele não tê-lo demonstrado. Tudo o que o capitão viu foi um homem cerrando os olhos e recebendo uma notícia ruim do melhor modo possível — o que este homem sentiu, no entanto, foi muito pior. Não tenho como descrever exatamente esta sensação porque, obviamente, eu não sou ele, mas lhe garanto que aquilo o abateu.
Para que você tenha noção da proporção da enxurrada emocional que nosso pequeno marinheiro teve a infelicidade de presenciar naquele momento, Charles é seu irmão adotivo. Eles cresceram juntos por 25 anos, quase toda a vida de James. Eles compartilharam as mais diversas situações que dois irmãos poderiam vivenciar juntos. Apesar do sangue que corre em suas veias ser biologicamente diferente, suas almas vivem no mesmo plano, na mesma sintonia, com a mesma frequência. Apesar de suas mães não possuírem nenhum parentesco em comum uma com a outra, eles são tão irmãos quanto dois gêmeos poderiam ser entre si. Aquela não foi uma notícia muito bem recebida, isso eu lhe garanto.
Mas, como todo bom ucraniano, James possui um coração de ferro. Ele não é do tipo de pessoa que demonstra fraqueza com facilidade — e menos ainda para a pessoa que lhe acolheu quando mais precisou. Kyle O'Connell é, sem sombra de dúvidas, o personagem mais importante na vida de James, fora o próprio Charles. Novamente, o motivo disso não lhe será revelado hoje, mas eu posso garantir-lhe que você o descobrirá em breve.
Após alguns longos segundos remoendo a informação que lhe acabara de ser passada, o imediato fez um sinal com os dedos, como se dissesse "continue".
— Não quero sobrecarregá-lo com muitos detalhes, então serei breve. — o comandante retirou de uma das gavetas da mesa uma pasta cinza. Ele a colocou sobre a mesa, e voltou a falar enquanto revirava suas páginas — A informação que chegou até mim foi que ele está considerando passar informações sobre o nosso grupo para a Interpol, em troca de ter sua pena suavizada. Não posso afirmar com certeza que isso é verídico, mas eu dificilmente teria motivos para duvidar dos meus contatos. Salvei a vida de alguns deles mais de uma vez, e isso não é algo tão banal a ponto de ser facilmente esquecido.
Foi nesse ponto que James recuperou a voz.
— Ele nunca faria isso, Kay, e você sabe disso. — seu tom de voz amargurado, somado ao seu sotaque ucraniano, poderia muito bem ter assustado o homem de meia-idade à sua frente. Se aquilo aconteceu, porém, ele não demonstrou — A Interpol poderia torturá-lo, ameaçar sua família ou mesmo usurpá-lo de todos os seus bens, mas ele jamais nos entregaria para ela. Alguns anos vivendo atrás de umas simples grades não são o suficiente para derrubar a moral daquele homem.
O capitão demorou vários segundos encarando seu imediato antes de voltar a falar. Seu olhar era de pena, e James reconhecia isso. Também repudiava o ato, mas manteve-se calado — não queria jorrar toda a sua raiva sobre a pessoa que mais lhe era importante no mundo.
— Está certo. — ele parou de revirar as páginas da pasta para só então puxar uma folha de uma delas. O líder analisou as palavras nela gravadas por um tempo, e a estendeu para seu parceiro — Acredito que todas as informações necessárias para que você cumpra sua missão estão aqui. Este é um pedido pessoal, não se esqueça disso, então você está livre para recusá-lo, se desejar. Mas, por ora, vá dormir. Esperarei uma resposta amanhã de manhã.
James não hesitou: ele apoiou as mãos na mesa e usou-a de suporte para se erguer. Agarrando a folha com a mão direita, ele virou-se para a saída e seguiu seu caminho sem soltar mais nenhuma palavra. De fato, ele havia se esquecido que o capitão havia designado a tarefa de checar a carga do navio, mas, mesmo que ele se lembrasse, duvido que a terminaria. Dormir era algo que ele apreciaria muito naquele momento.
•••
Na manhã seguinte, James acordou mais cedo do que o habitual.
Após se levantar, vestir uma roupa adequada, satisfazer suas necessidades e tratar de sua higiene, ele considerou dar uma lida rápida na folha que seu parceiro o havia entregado. Abriu a gaveta de seu criado-mudo e a puxou de lá, sentando-se em sua cama para poder se concentrar melhor.
DE: O'CONNELL, Kyle
PARA: KRÖWMAEFF, James
ASSUNTO: Pedido
Arquivo confidencial. Neutralizá-lo após a leitura.
Esta missão deve ser realizada à noite.
1. Infiltrar-se no Teatro P. G. T. Beauregard, Bristol, Inglaterra;
2. Camarim número 4, 2ª porta à direita;
3. Armário de maquiagens número 3;
4. Fundo falso. Pegar a senha com CPT. O'CONNELL;
5. Neutralizar seu conteúdo. Não deixar vestígios;
6. Volte o mais depressa possível, antes do amanhecer. Traga consigo a maleta vazia.
Assegure-se de que este documento não deixe este navio.
Estarei à sua espera.
PARA: KRÖWMAEFF, James
ASSUNTO: Pedido
Arquivo confidencial. Neutralizá-lo após a leitura.
Esta missão deve ser realizada à noite.
1. Infiltrar-se no Teatro P. G. T. Beauregard, Bristol, Inglaterra;
2. Camarim número 4, 2ª porta à direita;
3. Armário de maquiagens número 3;
4. Fundo falso. Pegar a senha com CPT. O'CONNELL;
5. Neutralizar seu conteúdo. Não deixar vestígios;
6. Volte o mais depressa possível, antes do amanhecer. Traga consigo a maleta vazia.
Assegure-se de que este documento não deixe este navio.
Estarei à sua espera.
O resto da folha estava em branco, tal qual seu verso. James amassou-o e o guardou no bolso, levantando-se de um pulo. Em seguida, estapeou suas vestes e abriu a porta, fechando-a ao sair e seguindo seu caminho na direção da cabine no fundo do corredor. Tal como fizera ontem, ele deu duas batidas na porta de madeira, mas nenhuma resposta veio do interior da sala. Ele repetiu o ato e novamente não obteve resposta, então virou-se e seguiu pelo corredor na direção do convés principal.
James não demorou muito tempo procurando seu comandante. Como não o havia encontrado na região da proa do navio, seguiu para o refeitório, e lá estava ele sentado em uma das mesas. A sala estava lotada de marinheiros, cerca de 50 ou 60, o que significava que a maioria dos assentos estava ocupada. Apesar disso, não demorou muito para o imediato do navio localizar seu capitão em um canto isolado. Ele estaria sozinho, não fosse por um outro marujo, que parecia travar uma séria conversa consigo.
Sem hesitar, James se aproximou da dupla. No meio do caminho, amassou o papel até que ele se tornasse uma bola e o arremessou no lixo mais próximo. Já perto o suficiente dos dois, ele deu um pequeno toque na mesa, para indicar sua presença. O tom da conversa diminuiu rapidamente até que ela chegasse ao fim. Só então o contrabandista reconheceu o marujo que conversava com O'Connell: era George, o chefe de máquinas do navio. O imediato forçou um sorriso, como um cumprimento.
— Eu interrompi alguma coisa, senhores? — ele perguntou — Posso voltar outra hora, se desejarem.
— Não, não. — o capitão se levantou, e George o seguiu. Apenas o primeiro sorria — George, terá que me perdoar. Terminaremos nosso diálogo outra hora. Eu e James temos assuntos mais importantes para resolver.
O chefe de máquinas lançou um olhar indiferente para James, virou-se para o capitão e assentiu com a cabeça. Murmurou um "até depois" com seu sotaque inglês e retirou-se do recinto, indo se sentar com outro grupo de marinheiros. O imediato ocupou seu lugar no banco, e o capitão voltou a se sentar.
— Você se decidiu, Jay? — perguntou Kyle — Olha, eu não espero de verdade que você vá aceitá-lo, mas...
— Eu vou. — interrompeu o contrabandista — Mas, se me permite perguntar... por que eu? Justo o imediato do navio, que seria a segunda pessoa mais importante da equipe? Não seria mais fácil enviar algum outro marinheiro de confiança?
— Marinheiro de confiança? Que outro marinheiro de confiança? Confiança é justamente o motivo de eu tê-lo escolhido, Jay. Pensei ter deixado claro o suficiente a importância desta missão no arquivo que lhe entreguei. Além disso, Charles é seu irmão. Achei mais adequado mandá-lo do que qualquer outra pessoa.
O imediato passou a mão pelo rosto e bufou. Não queria fazer aquilo, mas também não podia deixar seu capitão na mão.
— 'Tá certo. Qual a senha, então?
— Os dois primeiros dígitos são, respectivamente, os primeiros números do mês e dia de nascimento, e os dois últimos são os últimos dígitos do ano. Pegue o resultado e dobre. — quando Kröwmaeff franziu o cenho diante de tamanha dificuldade, o outro marinheiro deu de ombros — Eu precisava de um código que nós dois pudéssemos lembrar. Já faz algum tempo desde que estive com a maleta em mãos, portanto a senha permanece a mesma.
James assentiu, relutante. Notou que estava com fome e ergueu seu braço, acenando para um dos atendentes. Ele estava pensando no que pediria para o café quando O'Connell endireitou sua postura, como se se lembrasse de um detalhe importante, mergulhou a mão em um dos bolsos de seu casaco vermelho-vinho e puxou de lá um pequeno chaveiro. Ele o estendeu para seu imediato.
— Quase me esqueci. Você vai precisar disso para entrar lá.
O homem agarrou o chaveiro com um gesto pouco bruto, analisou-o por alguns momentos e o guardou no bolso de sua calça. Além de contrabandista, James também se tornaria um ladrão. Ele não era o melhor exemplo de pessoa do mundo.
•••
Quando na tela de seu relógio os números mudaram de 23:59 para 00:00, James já estava em terra firme. Seu navio havia atracado vários metros distante do porto, para não passar pela fiscalização da polícia portuária de Bristol, portanto o imediato tivera que descer em um bote salva-vidas e seguir por ele até a costa. As águas ao redor do Porto de Bristol estavam absurdamente poluídas, apresentando uma cor cinza ao invés do azul comum, então ele precisou tomar cuidado para que não fosse pego por uma onda repentina e mergulhasse naquela imundície.
Seria muito mais fácil atracar a embarcação no porto, alugar um táxi ir por terra até o centro de Bristol, mas eles não podiam correr o risco. Além disso, demoraria tempos até que todos os documentos fossem devidamente apresentados às autoridades — isso se a tripulação conseguisse convencê-las de que eles não queriam atracar de verdade e que já estavam de saída, para que elas não subissem no navio e decidissem inspecionar toda a mercadoria. Ficou decidido que James utilizaria o método do barco a remo.
Aquilo, porém, também implicava no fato dele não poder atracar. Ele tinha consigo seus documentos de cidadania europeia, mas sua entrada no país não fora devidamente autorizada pelo governo inglês, e ser pego resultaria em prisão, multa e, após isso, deportação. James não podia se dar ao luxo de ser visto. Portanto, aguardou até de noite para que a iluminação do local diminuísse e seguiu em um pequeno barco por um trecho escuro até finalmente atingir a costa. A atenção das autoridades havia sido atraída para um grande navio cargueiro, cerca de três vezes maior que o seu Bonaparte, cujas hélices aparentemente tinham se enroscado em um amontoado de algas marinhas. James não sabia se aquilo tinha sido planejado por seu capitão, e nem imaginava como isso seria possível, mas agradeceu pela distração.
Após isso, tudo o que ele precisou fazer foi seguir pelo litoral até entrar na região de Severn Beach. A praia estava deserta por conta do horário, então ele não precisou usufruir de sua furtividade para não ser visto. Em seguida, ele ligou para uma companhia de táxi, aguardou por um veículo e em menos de 40 minutos já seguia na direção de Redcliffe Way, em Bristol. Foi menos difícil do que o esperado — a parte mais complicada, porém, ainda estava por vir.
Cerca de 25 minutos depois, James já havia pago o taxista e se encontrava na porta do grande teatro. O nome "P. G. T. Beauregard", uma clara homenagem ao general Pierre Beauregard, participante da Guerra Civil Americana, estava estampado em uma imensa placa de ouro sobre a majestosa entrada do local, que mais parecia um palácio real do que um teatro em si.
De fora, estava mais que nítido que o estabelecimento se encontrava fechado. Suas portas estavam fechadas e trancadas, constatou James ao tentar abri-las, e as várias janelas não emitiam nenhuma luz. A boa notícia era que a rua estava quase que completamente deserta: ainda passava um carro ou outro de vez em quando, mas não havia absolutamente nenhum pedestre caminhando pela calçada.
Ele estava prestes a puxar o molho de chaves do bolso quando, com um aperto do coração, se deu conta de que provavelmente estava sendo observado. James disfarçou, fingindo voltar a andar, e deu uma espiada por cima de seu ombro. Seu palpite estava correto: havia câmeras por cima das portas, apontadas diretamente para a calçada, o que proporcionaria uma ótima visão do contrabandista, caso ele tentasse invadir. Porcaria, pensou. Kay não me preveniu sobre elas. Ele poderia ter sido mais direto.
Então, uma ideia surgiu em sua mente. O imediato prosseguiu seu caminho pela calçada, mas, ao invés de atravessar a rua, virou na esquina e seguiu reto. Mais ou menos no meio do quarteirão ele encontrou um beco, e, ao entrar nele, se deparou com uma única simples porta de metal ligando o interior do teatro com o exterior. A porta dos fundos, deduziu. Provavelmente era por ali que entravam e saíam os artistas que se apresentavam. Uma notícia melhor que essa? Não havia nenhuma câmera. Ao menos não que ele pudesse ver.
James se aproximou dela em passos rápidos. Puxou o molho de chaves do bolso, olhou ao redor para se certificar de que ninguém o estaria observando e testou uma por uma na maçaneta, tendo sucesso em destrancar a fechadura na quarta tentativa. O contrabandista abriu a porta sem hesitar e se apressou em entrar no teatro, trancando a porta atrás de si por precaução. A escuridão dominava o local. Seguindo seus instintos, ele tateou a parede ao redor da porta até se deparar com um pequeno interruptor, que logo ativou. As luzes se acenderam imediatamente.
Olhando ao redor, o criminoso pôde constatar que se encontrava em uma espécie de depósito. Era pequeno, do tamanho do quarto de uma criança em uma família de classe média, e guardava algumas caixas de papelão aleatórias. Quando James abriu uma, se deparou com diversas roupas de palhaço empilhadas, junto de alguns acessórios como narizes vermelhos e perucas de cabelo colorido. Provavelmente aquele era o local onde as fantasias chegavam depois de encomendadas. Ele não estava interessado naquilo — precisava achar o caminho para os camarins.
Os únicos caminhos disponíveis para sair daquela sala eram duas portas, cada uma na parede oposta à outra, que também estavam trancadas. O imediato estava prestes a destrancar uma delas quando pôde ouvir passos vindo do outro lado. Seu peito pareceu explodir. Ainda tinha gente naquele local? O que elas estavam fazendo ali? Tentando controlar seus sentimentos, James recuou para longe da porta e olhou ao redor, procurando um esconderijo, até que encontrou um espaço entre algumas caixas e se acomodou ali. Ele não podia ser visto.
Então, o contrabandista ouviu o barulho de uma chave sendo inserida em uma fechadura. Dois segundos depois, pôde ouvir a porta que ele havia escolhido para ir se abrindo com um rangido na articulação de metal. O aposento ficou em silêncio por vários segundos. Então, um "bip" soou e uma voz surgiu no cômodo.
— Deve ter sido algum problema na luz. Não tem ninguém aqui, câmbio.
Um rádio, deduziu. Esse lugar tem vigília noturna. Como não pensei nisso antes? Um instante depois, a luz voltou a se apagar e a porta voltou a se fechar. O barulho de chaves do outro lado do cômodo apareceu novamente, para então desaparecer e trazer de volta o silêncio. James não perdeu tempo: ergueu o corpo para se levantar e seguiu na direção da outra porta, mergulhado na vontade de sair o mais depressa possível daquele local.
Ele colou o ouvido à madeira e tentou ouvir algum indício de movimento do outro lado dela, mas não obteve sucesso. Se esforçando para fazer o menor barulho possível, o imediato levou uma das chaves até a fechadura e girou-a, destrancando a porta. Em seguida, abriu.
O que encontrou ali foi uma surpresa, pois esperava um corredor escuro com algumas outras portas, mas foi justamente o contrário: ele deu de cara com um enorme salão, ainda com algumas luzes de canto acesas nas paredes. Havia diversas fileiras de assentos uma em frente à outra e um grande palco de madeira, separado da plateia por uma cortina vermelha fechada pela metade. James agora se encontrava no lugar principal daquele imenso local: o salão de apresentações.
Ele não conteve um sorriso. Se estava ali, quer dizer que estava perto dos camarins — normalmente eles ficavam logo atrás do palco principal, ligado aos bastidores por uma porta e um longo corredor. Kröwmaeff decidiu não perder mais tempo: fechou a porta atrás de si, dobrou os joelhos em um agachamento e apressou o passo, andando furtivamente por trás da cortina. Mais de uma vez ele ouviu algumas vozes distantes e finalizou o movimento, mas logo que elas sumiam ele voltava a andar — provavelmente vinham da sala de controle, que era o local por onde os maquinistas controlavam a iluminação e o fechamento ou abertura das cortinas. Finalmente, depois de atravessar toda a extensão do palco, certificou-se de que ainda estava sozinho e seguiu pelos bastidores até a única porta disponível.
Para sua surpresa, ela não estava trancada. Aquilo provavelmente significava que ainda havia alguém naquela sala. James fechou um olho e tentou espionar por entre a grande fechadura, tendo sucesso parcial: era um corredor e suas luzes estavam acesas, mas ele não sabia dizer se havia ou não alguma pessoa lá dentro. Então, caminhou até um canto isolado, sentou-se atrás de dois grandes amplificadores de som, em uma região onde sabia que dificilmente seria visto, e esperou.
Passou-se muito tempo — mais especificamente, de acordo com seu relógio, 57 minutos — até que saísse alguém de lá. Quando isso aconteceu, James estava pronto: permaneceu imóvel enquanto inclinava a cabeça por uma fresta entre as duas grandes caixas de metal, por onde obtinha uma grande visão do palco. De lá, avistou uma mulher idosa em uniforme cinza arrastar uma caixa amarela contendo alguns produtos de limpeza por sobre o palco até a direção da porta por onde ele próprio viera. Ela puxou um molho de chaves do bolso, destrancou-a e entrou no cômodo, fechando-a ao trocar de sala.
Aquela era a oportunidade perfeita. O contrabandista não demorou em pular os dois amplificadores e correr na direção da porta aberta a poucos metros de si, espiando rapidamente para ver se não sobrara ninguém lá. Aparentemente a moça ainda não terminara seu trabalho, então ele precisava acabar de uma vez com o seu serviço. Ele entrou no corredor e diminuiu o passo, procurando impedir que suas passadas emitissem sons. Enquanto caminhava, o criminoso percebeu que cada porta continha um número de 1 a 10. Seu palpite novamente estava certo: aqueles realmente eram os camarins.
Qual era mesmo o número do quarto?, ele se indagou. Não era 3. Era... Sua memória pareceu iluminar-se de repente. A segunda porta à direita! Aproximando-se do cômodo, ele girou a maçaneta e constatou que estava destrancada. A faxineira provavelmente já havia passado por ali, mas talvez se esquecera de trancá-lo. James abriu a porta e entrou no quarto com um movimento brusco e rápido.
Novamente no escuro. Kröwmaeff voltou a tatear a parede em busca de um interruptor, e quando o encontrou, as luzes voltaram se acender. A sala tinha tudo que um camarim perfeito deveria ter, como nos filmes: havia diversos armários e espelhos, com mesas lotadas de cremes faciais e tintas para cabelo. Um cabideiro estava lotado de roupas dos mais variados tipos, como ternos, vestimentas infantis e fantasias. Havia também caixas espalhadas, semelhantes àquelas guardadas no depósito que ele usara para entrar no teatro, todas abertas e aparentemente vazias — exceto uma, do tamanho de uma TV de tela plasma, que continha diversos chapéus do mais variados tipos, como cartolas, chapéus de cowboy e bonés do estilo que alguns rappers americanos costumam usar.
Concentre-se, James. Você tem um trabalho a fazer. O marinheiro inspecionou rapidamente a sala ao seu redor. Ao todo havia sete armários, todos fechados e feitos de madeira, sem grandes detalhes ou enfeites. Nenhum deles tinha número, ao contrário da porta dos camarins, como ele estava esperando. Então, ele decidiu ir de um em um. De acordo com seus objetivos, ele tinha que encontrar algum fundo falso. Não parecia ser tão difícil.
O problema em si surgiu quando, após praticamente revirar todos os armários e procurar alçapões escondidos em todos os lugares possíveis, James não obteve sucesso algum. Ele tinha certeza de que nenhuma daquelas prateleiras de madeira possuía algum tipo de compartimento secreto. Ao fim da segunda tentativa, ele checou o horário — já estava ali fazia meia hora e nada. Então, um pequeno pensamento desesperado surgiu em sua mente: seria aquele o quarto certo? Não teria ele se confundido, quando na verdade o papel de instruções queria dizer a outra direita, sob o ponto de vista contrário ao que ele usara?
O criminoso mais uma vez se voltou aos armários. Vou tentar outra vez, pensou, tentando reunir o último fiapo de esperança restante em sua cabeça. Se não der certo, eu procuro nos outros quartos. Tem que estar por aqui. Ele apontou para os dois primeiros armários. Esses são de roupas e vestuário em geral. Em seguida, para os três seguintes. Certo, estes são os de maquiagens. Deve ser algum desses. Por fim, apontou para os dois últimos. Não, estes possuem cópias de roteiros e outros esboços improvisados. Posso descartá-los.
Assim, o contrabandista seguiu para o terceiro armário, o primeiro dos que continham maquiagem. O que o capitão me indicou? Armário número três? Este é um de seus principais defeitos, e o que ele mais se censura por ter: memória curta. Ele sabia que devia ter trazido o papel, mas também tinha ciência de que era muito arriscado. Se fosse pego, toda a sua tripulação estaria em risco. Certo, pode ser tanto o armário número três quanto o terceiro armário de maquiagens. Assim, ele abriu a prateleira à sua frente.
James não queria simplesmente revirar o conteúdo dela no chão, quebrá-la em diversas partes e só então descartá-la. Seu comandante tinha sido claro: "não deixe vestígios". Se soubessem que ele estivera ali, provavelmente olhariam as câmeras e o reconheceriam, o que era uma opção tão ruim quanto ser pego diretamente pelos guardas. Usando a mão, ele tateou todas as paredes possíveis de cada uma das quatro estantes, mas não conseguiu diferenciar uma da outra. Puxou as duas gavetas para fora do suporte, colocou-as suavemente no chão e tateou o interior do espaço restante, novamente sem sentir nada de especial. Frustrado, ele voltou a ajeitar as gavetas, fechou as portas duplas do armário e o socou com força, deixando parte de sua raiva esvair-se de seu corpo.
O barulho não tinha sido suficientemente alto para chamar a atenção de alguém, ele esperava. Voltou a conferir o relógio, que marcava agora 02:26 em seu visor. Merda, já?, ele se repreendeu. Tenho que acabar logo com isso. Então, seguiu para sua segunda opção: o quinto armário da fileira, ou o terceiro de maquiagens. O mesmo processo de antes se repetiu, agora mais rapidamente porque James já estava de saco cheio: após abrir as portas, tateou cada parede disponível, sem conseguir identificar alguma abertura diferente do normal. Em seguida, retirou as gavetas do lugar, tateou o compartimento em que elas ficavam e, após constatar o mesmo resultado de antes, não pôde evitar um ranger de dentes. Kay, espero que não me culpe se voltar de mãos vazias. Parte da culpa é sua por não me fornecer os mínimos detalhes. Reposicionou tudo em seu devido lugar, fechou as portas e socou também aquele armário, agora com mais raiva que antes.
Mas, dessa vez, James sentiu algo de diferente. Intrigado, o criminoso repetiu o ato, dessa vez com menos força, e pôde identificar o que o havia incomodado segundos atrás: um pequeno barulho de algo se deslocando, de porcelana batendo em porcelana, como se alguma coisa tivesse sido danificada no processo de busca pelo objeto misterioso. Ele se afastou alguns passos, analisando com mais cuidado aquele pequeno armário de madeira, procurando alguma brecha para conter algum tipo de compartimento secreto ou...
Seus olhos pousaram na região imediatamente sob a estante, onde havia um tapete impedindo que a madeira encostasse no chão de ladrilhos. Ladrilhos. Sem pensar, ele voltou a avançar para perto da vitrine e arrastou-a com cuidado para o lado. Então, já com seu caminho livre, ele puxou o tapete e se deparou com uma fina pedra de mármore branca, de aproximadamente 60 centímetros quadrados, solta do restante das pastilhas do chão. Mistério resolvido. E, assim, ele a puxou para o lado.
Em parte, ele já sabia que estava procurando por uma maleta. Suas instruções haviam deixado isso bem claro no último item a ser cumprido. Quando encontrou seu tesouro repousando em um amontoado de teias de aranha e canos de escoamento, sentiu-se tão ridicularizado por não ter procurado no lugar mais óbvio do mundo que sequer conseguiu sorrir de alívio. Deu alguns tapinhas em sua superfície para afastar os insetos incômodos, retirou-o daquele buraco e o depositou sobre uma das mesas do local. Era uma maleta bonita, digna de um advogado, feita de metal, de cor cinza mas com alça preta. Como estava ligeiramente enferrujada em alguns pontos, James pressentiu que já estava guardada naquele local havia um bom tempo — meses, talvez anos.
Sua fechadura era provavelmente o único fator diferente da maioria das malas encontradas em mercado. Ao invés de conter uma pequena fresta para a entrada de uma chave, havia quatro espaços para senha, todos eles indicando o número 0. James passou a mão pelo rosto e bufou. Certo, eu lembro. Passei duas horas memorizando esse número. Em poucos segundos a resposta fluía de volta para sua mente, como se ele já estivesse habituado a isso. Em movimentos rápidos, logo o contrabandista havia reposicionado os dígitos da fechadura para "0|5|7|6". Após um clique, sua tampa se abriu.
Todo o cansaço mental e físico de James sumiu em menos de um segundo, maravilhado e ao mesmo tempo assustado com o conteúdo do interior daquela maleta. Posicionados no canto um sobre o outro havia dois rifles de sniper, que logo o criminoso reconheceu como uma Barrett M82-A1 e uma Remington M24-A2, junto de duas pequenas caixas de munição do tipo .50 BMG. No centro, porém, se encontrava o item que mais impressionou o ucraniano: um saco ziploc transparente contendo dez pequenos montes de dinheiro, empilhados e amarrados com elásticos.
Ele permaneceu encarando todos aqueles objetos por um longo tempo. Não pareceu tanto assim para sua pequena mente ambiciosa e descontraída, que insistia em manter cravado o olhar naquele tesouro. Se seu trabalho já era ilícito antes daquele episódio, depois dele o nível de ilegalidade de seus atos subiu muito — mais do que ele poderia se orgulhar. No entanto, aquele momento durou pouco: quando ele ouviu passos surgindo lentamente do outro lado da porta que separava aquela sala do corredor afora, sua cabeça pareceu sair de um transe. Imediatamente James fechou e trancou a maleta, agachou-se no chão ao lado do buraco, arrastou o pedaço solto de ladrilho para seu devido lugar e cobriu-o com o tapete. Então, recolocou com cuidado o armário de volta para sua posição inicial e cessou seus movimentos, procurando saber se a pessoa que se aproximava já havia se afastado ou ido embora.
Infelizmente para ele, não. O som de lentas passadas ficava cada vez mais alto, ocasionando um pânico repentino no peito do contrabandista. Ele se ergueu de um pulo, agarrando a mala e correndo na direção da porta. Quando, porém, havia acabado de alcançar o interruptor, ouviu o som característico de um molho de chaves sendo balançado, e então uma chave sendo inserida na fechadura. Não havia tempo para pensar. James se afastou lateralmente de sua localização para se posicionar atrás da porta, encheu o pulmão de oxigênio e prendeu a respiração no exato momento em que ela se abria.
Para ser franco, caro leitor, nem mesmo James esperava que seu esconderijo desse certo. Naquele momento, tudo o que ele queria era não ser visto por ninguém, nem mesmo a faxineira do local, então agira no mais puro reflexo, ocultando seu corpo no abrigo que pudera pensar. Mas funcionou. Quem quer que tivesse aberto aquela porta, não demorou-se muito ali: tudo o que Kröwmaeff pôde ver foram as luzes se apagando e a porta se fechando, voltando a inundar o local no mais completo bréu. E assim ficou.
Quando James ousou movimentar-se novamente, seu relógio indicava que era 03:47. Mas ele não se importou muito com isso: sua missão estava parcialmente cumprida. Agora ele só precisava voltar para o navio. O problema, no entanto, seria encontrar o caminho de volta: pelas frestas da porta ele podia perceber que o corredor dos camarins estava tão escuro quanto aquela sala, ou seja, ele não poderia se localizar tão facilmente quanto como ele fizera para entrar ali.
Mas, apesar dos empecilhos e de ter demorado para que isso acontecesse, ele novamente obteve sucesso. O contrabandista descobriu que todas as luzes do lugar estavam apagadas, o que também excluía a possibilidade de poder encontrar sem querer com algum vigilante noturno — mas isso não diminuiu o seu nível de desconfiança. Aos poucos, porém, ele reuniu coragem e seguiu em frente, acendendo o máximo de luzes possível para conseguir se localizar em meio àquela penumbra, não se esquecendo de apagar uma a uma antes de finalmente conseguir sair pelo mesmo local que entrarara. Depois de deixar o depósito e trancar a porta dos fundos do teatro, ele seguiu pelo beco até a calçada e continuou seu caminho de antes, dessa vez com uma maleta em mãos.
Chegar na praia foi o menor de seus empecilhos: a companhia de táxi também mantinha motoristas noturnos, o que o salvou de precisar percorrer todo aquele caminho a pé. Já de volta para Severn Beach, Kröwmaeff seguiu pela costa até o seu pequeno barco a remo, onde acomodou-se. Localizou rapidamente o Bonaparte ancorado no mar a várias centenas de metros de distância, com as luzes habituais do convés, da torre de comando e do compartimento de carga brilhando em meio à escuridão do horizonte. Assim, pôs-se a trabalhar e a remar, certificando-se de manter-se longe do alcance das luzes de guarda do Porto de Bristol.
Foi no meio do caminho que James se lembrou de cumprir o sexto objetivo de sua pequena lista. Ele precisou reunir um pouco de coragem para livrar-se daquelas armas e — principalmente — do dinheiro, mas não se martirizou por isso: se seu capitão escondia aquelas armas, ele podia muito bem guardar outras consigo. Provavelmente dentro do navio, fora as que estavam armazenadas em caixotes e contêineres para serem comercializadas Europa afora.
O resto da história eu creio não ser necessário contá-lo. O marinheiro voltou à sua embarcação e encontrou-se com o capitão, que declarou a missão cumprida, e permaneceu em paz por um longo tempo. Mas tudo que é bom tem um fim, e foi inevitável que o mesmo acontecesse com nosso humilde personagem — prefiro, no entanto, deixar este conto para outro dia.
Com sorte, nos veremos em breve. Até logo.
- Considerações:
- Olha... que textão, hein? Desculpem por isso. Prometo pegar mais leve na ficha de sobrevivente. xD
Algumas informações úteis: Bonaparte é o nome do navio de James. Não sei se ficou muito claro nessa parte, mas achei melhor explicar aqui para não restarem dúvidas. Ah, e não vou revelar exatamente o que aconteceu com Charles — acho que ficou claro que ele foi preso, mas o motivo disso e como isso aconteceu permanecerão em segredo. Ao menos até eu decidir contar para alguém ou escrever uma missão sobre isso.
No mais, queria dizer que o personagem está intimamente envolvido com a especialização almejada — ele precisa ser discreto e furtivo sempre que ocorre uma negociação, que é quando ele precisa agir em segredo para não chamar a atenção das autoridades, e já houve outros casos onde ele precisou invadir certo lugar ou matar certa pessoa. Essas histórias eu pretendo revelar apenas em missões específicas para isso, por meio de flashback.
E acho que só. Agradeço pela leitura e até algum dia! ♥
James Kröwmaeff- Saqueador
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Re: Ficha de Especialização
avaliando
a morte é apenas o começo
James Kröwmaeff: então, querido. Seu texto ficou EXCESSIVAMENTE grande, só para constar. Eu sei que, quando alguém se empolga, costuma fazer muitas coisas ao mesmo tempo e acaba não tendo a medida certa do quanto pode ser bom ou ruim. No seu caso, foi excelente. Só peço para poupar adm's e staffers de um trabalho exaustivo como esse, combinado? No mais, não tenho muito a dizer. Gostei bastante da sua forma de desenrolar os fatos e da relação com a epecialização. Achei ainda mais interessante a história que você desenvolveu, com todas as ações, personagens e aquele gostinho de suspense que todos gostam. Parabéns, Saqueador.
Abigail Winters- Narrador
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Data de inscrição : 12/11/2015
Re: Ficha de Especialização
✶ Qual especialização deseja adquirir?
Acampista
✶ Por que deseja ter essa especialização? {Aqui deve colocar o motivo de ter essa especialização}
Ajudar a pegar alimento, achar sobreviventes no meio da floresta e fazer o que for preciso para ajudar em acampamentos.
✶ Seu nível: 1
✶ Qual a sua relação passada com a especialização? {Para uma maior coerência, seu personagem deve ter tido alguma relação pré ou pós-apocalíptica com a especialização almejada, por menor que seja}
Lucy por morar em fazenda ia todo final de semana acampar com sua família e com isso seu pai lhe ensinou tudo para poder sobreviver na floresta.
✶ Relate uma situação onde você use a especialidade escolhida, demonstrando seus conhecimentos sobre ela. {Aqui deve relatar uma experiência usando características da especialização.}
Março de 2015
Lucy estava indo para os estados unidos se juntar aos refugiados de lá, mas tinha de passar pelo estado de Ayowa para pegar suprimentos em um refugio próximo, mas o único caminho era pela floresta, quando estava adentrando a floresta pessoas vieram em sua direção e disseram que iam com ela que desta vez não iriam me deixar sozinha pelo o que eu havia feito no refugio na Inglaterra.
O meu sorriso ficou maior e com uma gratidão de que sua promessa estava sendo cumprida, ao adentrarmos na floresta a noite já estava chegando, fui em uma árvore baixa e comecei a cortá-la, cada segundo que eu a cortava mais escuro ficava e mais rápido eu tinha de fazer a fogueira, quando vi que es pessoas estavam com muito frio percebi que tinha de ser mais rápida peguei o último galho e fiz uma pequena fogueira, logo pegava duas pedras para fazer o fogo e quando a fogueira se ascendeu, me levantei para colocar algumas armadilhas ao redor e pegar comida.
-Pessoal fiquem perto do fogo, vou colocar armadilhas em volta do acampamento. - Logo fui saindo.
Comecei com algumas armadilhas para esquilos, como espinhos improvisados no chão com a madeira que havia sobrado, depois fui para as armadilhas pesadas, logo fui cortar uma árvore grande e com partes do troco e cipós fiz com que se o animal passasse e o cipó arrebentasse o tronco viesse ao seu encontro e com o impacto ele poderia morrer, logo voltei ao acampamento as pessoas se aproximavam e me puxavam para a fogueira o sono vinha mais pesado e sendo assim que aconcheguei acabei de desmaiando de sono.
No dia seguinte as pessoas já se apresavam e começavam a me acordar, no susto pulo do chão e vou olhar as armadilhas, havia pegado 9 esquilos e um porco, o que para todos nós já estava muito bom, mas nem mesmo agente sabia que estávamos mais perto dos Estados Unidos e que o meu suprimento teria de esperar, ao meio dia já estávamos quase chegando faltando apenas alguns metros, mas as pessoas estavam com muita fome, alguns deles haviam montando uma fogueira e diziam que iriam pegar comida.
-Não será necessário fiz tudo a noite, aqui tem 9 esquilos e um porco! - Dizia a eles colocando na fogueira, eu poderia ser a única a não comer, mas quem liga, o importante é que eles vão ficar bem.
As pessoas perceberam que eu estava dando a minha importunidade de comer e então duas delas dividiram seu esquilo e seu porco comigo, me recusava a comer, mas eles me convenceram e logo que almoçamos continuamos a andar mais três metros e mais um refugiu ali por perto foi encontrado, os mesmos pediram que ficássemos, sorri e agradeci assim ficando por ali.
Acampista
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Ajudar a pegar alimento, achar sobreviventes no meio da floresta e fazer o que for preciso para ajudar em acampamentos.
✶ Seu nível: 1
✶ Qual a sua relação passada com a especialização? {Para uma maior coerência, seu personagem deve ter tido alguma relação pré ou pós-apocalíptica com a especialização almejada, por menor que seja}
Lucy por morar em fazenda ia todo final de semana acampar com sua família e com isso seu pai lhe ensinou tudo para poder sobreviver na floresta.
✶ Relate uma situação onde você use a especialidade escolhida, demonstrando seus conhecimentos sobre ela. {Aqui deve relatar uma experiência usando características da especialização.}
Março de 2015
Lucy estava indo para os estados unidos se juntar aos refugiados de lá, mas tinha de passar pelo estado de Ayowa para pegar suprimentos em um refugio próximo, mas o único caminho era pela floresta, quando estava adentrando a floresta pessoas vieram em sua direção e disseram que iam com ela que desta vez não iriam me deixar sozinha pelo o que eu havia feito no refugio na Inglaterra.
O meu sorriso ficou maior e com uma gratidão de que sua promessa estava sendo cumprida, ao adentrarmos na floresta a noite já estava chegando, fui em uma árvore baixa e comecei a cortá-la, cada segundo que eu a cortava mais escuro ficava e mais rápido eu tinha de fazer a fogueira, quando vi que es pessoas estavam com muito frio percebi que tinha de ser mais rápida peguei o último galho e fiz uma pequena fogueira, logo pegava duas pedras para fazer o fogo e quando a fogueira se ascendeu, me levantei para colocar algumas armadilhas ao redor e pegar comida.
-Pessoal fiquem perto do fogo, vou colocar armadilhas em volta do acampamento. - Logo fui saindo.
Comecei com algumas armadilhas para esquilos, como espinhos improvisados no chão com a madeira que havia sobrado, depois fui para as armadilhas pesadas, logo fui cortar uma árvore grande e com partes do troco e cipós fiz com que se o animal passasse e o cipó arrebentasse o tronco viesse ao seu encontro e com o impacto ele poderia morrer, logo voltei ao acampamento as pessoas se aproximavam e me puxavam para a fogueira o sono vinha mais pesado e sendo assim que aconcheguei acabei de desmaiando de sono.
No dia seguinte as pessoas já se apresavam e começavam a me acordar, no susto pulo do chão e vou olhar as armadilhas, havia pegado 9 esquilos e um porco, o que para todos nós já estava muito bom, mas nem mesmo agente sabia que estávamos mais perto dos Estados Unidos e que o meu suprimento teria de esperar, ao meio dia já estávamos quase chegando faltando apenas alguns metros, mas as pessoas estavam com muita fome, alguns deles haviam montando uma fogueira e diziam que iriam pegar comida.
-Não será necessário fiz tudo a noite, aqui tem 9 esquilos e um porco! - Dizia a eles colocando na fogueira, eu poderia ser a única a não comer, mas quem liga, o importante é que eles vão ficar bem.
As pessoas perceberam que eu estava dando a minha importunidade de comer e então duas delas dividiram seu esquilo e seu porco comigo, me recusava a comer, mas eles me convenceram e logo que almoçamos continuamos a andar mais três metros e mais um refugiu ali por perto foi encontrado, os mesmos pediram que ficássemos, sorri e agradeci assim ficando por ali.
Lucy Heartphilia- Acampista
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Data de inscrição : 22/11/2015
Ficha de Sobrevivente
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Re: Ficha de Especialização
avaliação
a morte é apenas o começo
— Lucy Heartphilia: Eu queria ter te aprovado. Sério. Você pareceu ter usado tão bem as habilidades que um acampista usaria que eu fiquei, confesso, tentado a ignorar todos os erros do restante do seu post e te aprovar. O problema é que foram tantos que nem mesmo a sua coerência te salvou: você errou na pontuação, no tipo de narrador (ora foi em terceira, ora foi em primeira pessoa), na ortografia, pecou muito na estrutura e seu post me soou desorganizado, tanto na estética quanto nas ideias, por vezes. A minha recomendação é que refaça a ficha; deve ter feito-a rapidamente, o que com certeza deixou ela dessa forma, então tenha calma e revise seu post, use um template (pode ser o das fichas de sobrevivente), atente-se à sua narração e pronto, garanto que será aprovada. Até a próxima, pequena!
atualizado!
Re: Ficha de Especialização
ficha de especialização
a morte é apenas o começo
✶ Qual especialização deseja adquirir?
Acampista
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Ajudar a pegar alimento, achar sobreviventes no meio da floresta e fazer o que for preciso para ajudar em acampamentos.
✶ Seu nível: 1
✶ Qual a sua relação passada com a especialização? {Para uma maior coerência, seu personagem deve ter tido alguma relação pré ou pós-apocalíptica com a especialização almejada, por menor que seja}
Lucy por morar em fazenda ia todo final de semana acampar com sua família e com isso seu pai lhe ensinou tudo para poder sobreviver na floresta.
✶ Relate uma situação onde você use a especialidade escolhida, demonstrando seus conhecimentos sobre ela. {Aqui deve relatar uma experiência usando características da especialização.}
Março de 2015
Lucy estava indo para os Estados Unidos para se juntar aos refugiados de lá por uma segurança maior, mas ela tinha de passar pelo estado de Ayowa para pegar suprimentos em um refugio próximo, o único caminho que talvez ela conseguisse se virar sem uma arma era pela floresta, quando estava adentrando a floresta pessoas vieram em sua direção e disseram que iam com ela que desta vez não iriam me deixar sozinha pelo o que eu havia feito no refugio na Inglaterra.
O seu sorriso ficou maior e com uma gratidão de que sua promessa estava sendo cumprida, ao adentrarem na floresta a noite já estava chegando, a garota se dirigiu a uma árvore baixa e começou a cortá-la, cada segundo que a menina cortava a árvore, quanto mais ela cortava mais rápido o tempo passava e quando se percebeu, já era noite ela tinha de fazer a fogueira o mais rápido o possível, quando a mesma viu que as pessoas estavam com muito frio ela foi em direção deles e fez uma pequena fogueira, logo a menina pegava duas pedras para fazer o fogo e quando a fogueira se ascendeu, a garota se levantou para colocar algumas armadilhas ao redor e pegar comida.
-Pessoal fiquem perto do fogo, vou colocar armadilhas em volta do acampamento. – Dizia ela indo ao meio da floresta.
A menina então começou a colocar algumas armadilhas para esquilos, como espinhos improvisados no chão com a madeira que havia sobrado, depois ela foi para as armadilhas pesadas e então ela começou a cortar uma outra árvore, só que esta vez grande e com partes do troco e cipós ela fez com que se o animal passasse e o cipó arrebentasse o tronco viesse ao seu encontro e com o impacto ele poderia morrer, logo que ela terminou a menina voltou ao acampamento e logo as pessoas começaram a se aproximavam e a puxava-la para a fogueira, logo o sono vinha mais pesado e sendo assim que se aconchegou acabou desmaiando de sono.
No dia seguinte as pessoas já se apresavam e começavam a acordar Lucy, no susto a garota pula do chão e logo em seguida sai para olhar as armadilhas, ela havia pegado 9 esquilos e um porco, o que para todos já estava muito bom, mas nem mesmo ela sabia que estávamos mais perto dos Estados Unidos e que o seu suprimento teria de esperar, ao meio dia eles já estávamos quase chegando faltando apenas alguns metros, mas logo pararam e então Lucy percebeu que as pessoas estavam com muita fome, um deles havia montando uma fogueira e dizia que iria pegar comida.
-Não será necessário fiz tudo a noite, aqui tem 9 esquilos e um porco! – Dizia a garota para eles colocando na fogueira o que havia pegado, ela poderia ser a única a não comer, mas quem liga, o importante é que eles vão ficar bem.
As pessoas perceberam que Lucy estava dando a sua oportunidade de comer ao grupo e então duas pessoas começaram a dividir seu esquilo e seu porco ela, o olhar de gratidão se resumir a fomo e logo foi comer e logo que eles almoçaram os sobreviventes continuaram a andar mais três metros e mais um refugiu ali por perto foi encontrado, os mesmos pediram que o pequeno grupo ficasse e que se recuperasse, Lucy sorri e agradeceu assim ficando por ali.
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Lucy Heartphilia- Acampista
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Ficha de Sobrevivente
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Re: Ficha de Especialização
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✶ Qual especialização deseja adquirir?
Acampistas.
✶ Por que deseja ter essa especialização?
Bem, Alyna é muito nova para conseguir usar armas com perfeição, além de que ela não é forte. Então, achei que faria mais sentido explorar outras habilidades: montar fogueira, achar alimentos, por exemplo. Coisas que poderiam ajudá-la a sobreviver.
✶ Seu nível: 1.
✶ Qual a sua relação passada com a especialização?
A garota nunca foi escoteira, mas adorava acampar com o pai. Todas férias, passavam dias acampados e seu pai lhe ensinava tudo que sabia: como montar armadilhas, acender uma fogueira, armar acampamento, entre outras coisas. Quando seus pais se foram, deixando seu irmão e ela sozinhos, essas habilidades foram extremamente necessárias para sua sobrevivência.
✶ Relate uma situação onde você use a especialidade escolhida, demonstrando seus conhecimentos sobre ela.
Estava há uma semana naquele apartamento abafado e imundo. Encontrara um jeito de entrar e sair sem passar por dentro do prédio e correr o risco de encontrar uma daquelas coisas que outrora foram pessoas: a saída de incêndio - muito esperto, não? Assim, não ficava presa àquele lugar, e, se precisasse sair, seria fácil. O melhor daquele lugar era que ficava perto da floresta, então eu podia caçar se os suprimentos acabassem. E eles estavam acabando.
Já havia vasculhado todo o lugar, de modo que não precisei procurar por coisas úteis que poderia levar comigo. Levantei-me do chão, onde estava sentada, peguei um pedaço de corda que, por sorte, encontrara ali e minha faca e saí. Do topo da escada, observei atentamente lá embaixo, mas não havia nada nem ninguém, então desci.
A floresta, como disse, não ficava longe. Em menos de meia hora eu estava lá. Antes de sair à procura de algum animal, fui até onde eu colocara uma armadilha no dia anterior. Estava esperançosa de que dessa vez eu pegaria alguma coisa, entretanto, quando cheguei lá, tudo o que vi foi a mesma estrutura feita com gravetos e com a outra parte da corda que estava em minha mão. Decepção foi tudo o que senti. Mas não desanimaria. Deixei a armadilha lá e dei uma boa vasculhada no local, a procura de qualquer coisa que me indicasse que um animal passara por ali, mas demorou muito até que tivesse alguma sorte. Encontrei o rastro de um animal pequeno, um coelho talvez. Segui-o com cuidado, até que finalmente avistei o animal. Ele estava perto de um arbusto, distraído com algo que comia. Perfeito, pensei. Peguei minha faca, segurando-a pela lâmina, e mirei nele. A faca não era própria para arremesso, mas servia. Com toda concentração do mundo, atirei. E acertei. Não na cabeça, onde eu queria, mas em seu flanco. O coelho de debateu e guinchou, mas não podia fugir com a faca enfiada nele. Corri para ele e acabei logo com seu sofrimento quebrando seu pescoço.
Acendi a fogueira ali mesmo, já que não via nenhum perigo iminente. Usei dois gravetos secos para fazer isso; demorou, mas consegui. Assim que o coelho estava pronto, apaguei a fogueira e amarrei o animal em minha cintura com a corda. Em seguida, parti para meu apartamento satisfeita. Naquele dia, jantaria bem.
Acampistas.
✶ Por que deseja ter essa especialização?
Bem, Alyna é muito nova para conseguir usar armas com perfeição, além de que ela não é forte. Então, achei que faria mais sentido explorar outras habilidades: montar fogueira, achar alimentos, por exemplo. Coisas que poderiam ajudá-la a sobreviver.
✶ Seu nível: 1.
✶ Qual a sua relação passada com a especialização?
A garota nunca foi escoteira, mas adorava acampar com o pai. Todas férias, passavam dias acampados e seu pai lhe ensinava tudo que sabia: como montar armadilhas, acender uma fogueira, armar acampamento, entre outras coisas. Quando seus pais se foram, deixando seu irmão e ela sozinhos, essas habilidades foram extremamente necessárias para sua sobrevivência.
✶ Relate uma situação onde você use a especialidade escolhida, demonstrando seus conhecimentos sobre ela.
Estava há uma semana naquele apartamento abafado e imundo. Encontrara um jeito de entrar e sair sem passar por dentro do prédio e correr o risco de encontrar uma daquelas coisas que outrora foram pessoas: a saída de incêndio - muito esperto, não? Assim, não ficava presa àquele lugar, e, se precisasse sair, seria fácil. O melhor daquele lugar era que ficava perto da floresta, então eu podia caçar se os suprimentos acabassem. E eles estavam acabando.
Já havia vasculhado todo o lugar, de modo que não precisei procurar por coisas úteis que poderia levar comigo. Levantei-me do chão, onde estava sentada, peguei um pedaço de corda que, por sorte, encontrara ali e minha faca e saí. Do topo da escada, observei atentamente lá embaixo, mas não havia nada nem ninguém, então desci.
A floresta, como disse, não ficava longe. Em menos de meia hora eu estava lá. Antes de sair à procura de algum animal, fui até onde eu colocara uma armadilha no dia anterior. Estava esperançosa de que dessa vez eu pegaria alguma coisa, entretanto, quando cheguei lá, tudo o que vi foi a mesma estrutura feita com gravetos e com a outra parte da corda que estava em minha mão. Decepção foi tudo o que senti. Mas não desanimaria. Deixei a armadilha lá e dei uma boa vasculhada no local, a procura de qualquer coisa que me indicasse que um animal passara por ali, mas demorou muito até que tivesse alguma sorte. Encontrei o rastro de um animal pequeno, um coelho talvez. Segui-o com cuidado, até que finalmente avistei o animal. Ele estava perto de um arbusto, distraído com algo que comia. Perfeito, pensei. Peguei minha faca, segurando-a pela lâmina, e mirei nele. A faca não era própria para arremesso, mas servia. Com toda concentração do mundo, atirei. E acertei. Não na cabeça, onde eu queria, mas em seu flanco. O coelho de debateu e guinchou, mas não podia fugir com a faca enfiada nele. Corri para ele e acabei logo com seu sofrimento quebrando seu pescoço.
Acendi a fogueira ali mesmo, já que não via nenhum perigo iminente. Usei dois gravetos secos para fazer isso; demorou, mas consegui. Assim que o coelho estava pronto, apaguei a fogueira e amarrei o animal em minha cintura com a corda. Em seguida, parti para meu apartamento satisfeita. Naquele dia, jantaria bem.
[center]Thanks Thay Vengeance @[/center
Alyna Matthews- Acampista
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Ficha de Sobrevivente
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Re: Ficha de Especialização
avaliação
a morte é apenas o começo
— Lucy Heartphilia: Lucy, Lucy, Lucy... Li sua outra ficha e avaliação e fiquei contente ao perceber que tentou melhorá-la, contudo, ainda persiste nos mesmos erros. Achei melhor citá-los aqui para que pudesse entender melhor.
Primeira coisa: cadê o ponto final? Você só usou vírgula o post inteiro! Isso deixa o texto confuso e difícil de entender. O ponto final não é usado apenas no fim de parágrafos. Ele é usado para encerrar um período, uma ação. Sempre que terminar de narrar uma coisa e começar a narrar outra, use o ponto (mais ou menos isso).
Leia este trecho que você escreveu:
O seu sorriso ficou maior e com uma gratidão de que sua promessa estava sendo cumprida, ao adentrarem na floresta a noite já estava chegando, a garota se dirigiu a uma árvore baixa e começou a cortá-la, cada segundo que a menina cortava a árvore, quanto mais ela cortava mais rápido o tempo passava e quando se percebeu, já era noite ela tinha de fazer a fogueira o mais rápido o possível, quando a mesma viu que as pessoas estavam com muito frio ela foi em direção deles e fez uma pequena fogueira, logo a menina pegava duas pedras para fazer o fogo e quando a fogueira se ascendeu, a garota se levantou para colocar algumas armadilhas ao redor e pegar comida.
Meio confuso, não? Veja se assim não fica melhor:
Seu sorriso ficou maior pela gratidão (não entendi muito bem essa parte). Ao adentrarem na floresta, a noite já estava chegando. A garota dirigiu-se a uma árvore baixa e começou a cortá-la. Quanto mais ela cortava, mais rápido o tempo passava. [...]
Segunda coisa: você está misturando os tipo de narradores. A maior parte do tempo, narra como se não fizesse parte da história, mas às vezes usa um "eu" ou conjuga o verbo na primeira pessoa. Veja esse trecho:
quando estava adentrando a floresta pessoas vieram em sua direção e disseram que iam com ela que desta vez não iriam me deixar sozinha pelo o que eu havia feito no refugio na Inglaterra.
Você começa em terceira pessoa e acaba em primeira. Se escolher narrar como um observador, deve continuar assim até o final. Preste mais atenção nisso.
Terceira: você está errando conjugação verbal. Olhe isto:
logo as pessoas começaram a se aproximavam
mas nem mesmo ela sabia que estávamos
ao meio dia eles já estávamos quase chegando
"Estávamos" está em primeira pessoa do plural. "Eles" é terceira pessoa. O correto seria "estavam". Preste mais atenção nisso.
Última coisa, minha cara Lucy. Ascender e acender são verbos diferentes.
Ascender: subir, elevar.
Acender: ligar, colocar fogo.
É isso. Por enquanto, está reprovada. Mas, por favor, não desista. Ao concertar esses erros, tenho certeza que será aprovado. Se tiver qualquer dúvida ou precisar de ajuda, pode me mandar MP. Iri ajudá-la com grande prazer.
Death is only the beginning ♦ Walkers
Lindsey Johnson- Narrador
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Ficha de Sobrevivente
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Re: Ficha de Especialização
avaliação
a morte é apenas o começo
— Alyna Matthews: Você escreve bem, garota! Não vi erros de coerência, que são os cruciais para essa avaliação. Mas também não vi erros de ortografia, acentuação e derivados. Dito isso, não vejo motivos para não aprová-la, mesmo que o meu interior tenha ficado um pouco "borocoxô" com o fato da ficha ser pequena. Bem vinda ao fórum, dona acampista :3
atualizado!
Mariana A. Lima- Narrador
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Re: Ficha de Especialização
Especialização
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✶ Qual especialização deseja adquirir?
Atiradores de elite
✶ Por que deseja ter essa especialização?
Já tinha muita experiencia com Armas de longo alcance. e depois de tudo que aconteceu, continuou seu treinamento com sua Preciosa Sniper!
✶ Seu nível:
1
✶ Qual a sua relação passada com a especialização?
Foi um grande Susto para todos. Mas no caso de Matheus isso não foi um real problema por viver sempre em um senário de guerra. e quando tudo aconteceu foram poucos soldados que ficaram. digo, os Melhores!
✶ Relate uma situação onde você use a especialidade escolhida, demonstrando seus conhecimentos sobre ela.
Sempre Muito Dedicado a seu trabalhado, não tinha Família ou Amigos a não ser os do seu pelotão. sua vida era totalmente para seu trabalho ninguém se quer ficava em seu caminho. Des de pequeno no treinamento passou por muitos países fazendo sempre o mesmo trabalho de atirador de elite, vindo de uma família com Avó e Pais do Exercito Americano, seu único foco foi representar seus familiares e levar a tradição da família sempre adiante! Mas em um certo dia quando estava em mais um treinamento diário no meio do deserto apenas com três amigos do seu pelotão em um treinamento que duraria uma semana no deserto. foi um tempo depois do apocalipse para eles perceberem oque realmente aconteceu. quando chegaram em seu país na base de treinamento do exercito americano, se deparam com tudo acabado, ninguém no local. apenas alguns ' Mortos Vivos ' rondando as barracas. com o gipe já sem gasolina o e eles sem entender nada do que estava se passando la. Matheus pergunta: - Oque aconteceu aqui? quando derrepente aparece um soldado muito machucando falando: - Eles Acabaram com tudo! A base, o País, talvez o Mundo! Não entendendo muito e assustado com tudo aquilo, foi logo ajudar o Soldado. - Meu Deus! você está muito machucado precisamos de um médio você não aguentará muito tempo. o soldado diz: - Não tem ninguém, todos se foram! Matheus Ainda não entendendo oque aconteceu, pega o soldado e então os 5 partem sem destino, apenas a procura de um médio, sem gasolina, sem munição, sem comida, estão totalmente ' Pelados ' em um apocalipse. então o Capitão pergunta: - Oque será de nós? Matheus querendo deixar seus companheiros de pelotão tranquilos responde: - Fiquem calmos, vamos todos ficar bem! vamos usar tudo que aprendemos durante anos, para nos manter vivos e unidos! com certeza, existe mais sobreviventes por ai.. não podemos ser os únicos. Então eles Continuaram, até chegarem em uma pequena cidade, onde havia Alguns recursos para eles, foram rapidamente pegando o kit medico e ajudando o soldado ferido que já estava exausto e sem condições alguma de se mover, então fizeram alguns curativos nele. e resolveram passar a noite ali mesmo! onde tinha um pouco de água e comida, mas não pararam por ali, ainda estavam com a intenção de encontrar seus companheiros de base.
Então durante a noite os soldados não poderiam todos dormir, pois em um apocalipse zumbi, nunca se sabe né? mas como estavam em um local alto Matheus se ofereceu para ficar de guarda. - Eu fico de guarda essa noite! estamos em um lugar alto, e tenho uma boa visão com minha sniper. os soldados cansados e assustados acabaram aceitando pois Matheus era o mais experiente ali presente no momento. oque Matheus não sabia, é oque havia de vir. Estava tudo tranquilo, até que alguns ' Mortos Vivos ' resolveram aparecer, então Matheus com sua sniper de longo alcance e silenciosa, não teve problema algum em acabar com todos um por um, para que seus companheiros estivessem a salvo.
E ai? sera que eles conseguiram continuar? será que os outros soldados estão vivos? haha.
E ai? sera que eles conseguiram continuar? será que os outros soldados estão vivos? haha.
Última edição por Matheus Andrade em Dom Dez 20, 2015 7:03 pm, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : Surgiram mais idéias haha')
Matheus Andrade- Sobreviventes
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Re: Ficha de Especialização
avaliação
a morte é apenas o começo
Matheus Andrade: Sua ficha não foi de todo ruim, mas você pecou em alguns pontos. A primeira coisa que eu queria dizer é sobre a organização de seu post. Tive dificuldades em discernir um parágrafo do outro - e só encontrei um -, você poderia arrumar isso aumentando o espaçamento entre eles. Também recomendo que deixe o texto "justificado", por questões de estética mesmo, ou troque de template se estiver usando um. Também há as questões de gramática. Você usou letra maiúscula no meio de frases várias vezes, e isso não existe. Também está errando no uso da vírgula, o que deixa o texto mais difícil de entender. Uma dica: leia o texto em voz alta e, sempre que houver uma pausa, coloque uma vírgula (é mais ou menos isso). Outra coisa, como já citei, é a falta de parágrafos. Eles encerram um acontecimento e dão início a outro, então são de grande importância para o entendimento de seu texto.
Agora, sobre a ficha em si, achei ela meio curta, não? Você poderia ter colocado muito mais detalhes em sua narração. Tipo, o Matheus acabou de descobrir que todas as pessoas sumiram, o que ele sentiu nessa hora? Quais foram os pensamentos dele? Poderia ter colocado isso, explicado melhor a sequência de fatos, "enchido" mais o texto, entende? Outra coisa: você deixou implícito, ao responder os tópicos, qual sua verdadeira relação com a especialização. Isso precisa ficar bem claro, ok? Também não usou a especialidade em sua narrativa, a não ser no finalzinho, quando na verdade deveria focar nela.
São por esses motivos que terei que te reprovar, jovem. Espero que você entenda os pontos que errou e reescreva essa ficha, dessa vez de forma bem melhor. Eu sei que você tem potencial, gostei muito da história de seu personagem - só precisa desenvolvê-la de forma melhor. Se precisar de ajuda, só mandar MP :D
Mais uma coisinha: seu personagem não começará com uma sniper. Para consegui-la, terá que realizar uma DIY.
Death is only the beginning ♦ Walkers
Lindsey Johnson- Narrador
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Ficha de Sobrevivente
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Re: Ficha de Especialização
Ficha de especialização
a morte é apenas o começo
✶ Qual especialização deseja adquirir?
Armas brancas
✶ Por que deseja ter essa especialização?
É a mais adequada para Jade, combina com o perfil dela e torna-se mais fácil de construir a trama envolta disso sem fugir da essência da personagem.
✶ Seu nível: Nível 1.
✶ Qual a sua relação passada com a especialização?
Jade foi criada no campo, aprendeu cedo a manusear desde facas até o seu inseparável arco para caças. Quando era pequena e ainda não podia caçar junto com seu pai, a garota ficava responsável por ajudar a fazer a limpeza e retirada de pele do animal.
✶ Relate uma situação onde você use a especialidade escolhida, demonstrando seus conhecimentos sobre ela.
Ainda nem havia amanhecido e Jade não pregara os olhos a noite inteira. Ela sentia como se não dormisse desde que tudo começou, e de fato, aqueles cochilos não eram nada. Levantou-se de sua cama improvisada – um sofá, em um escritório de bacanas - andou em passos lentos até uma grande janela de vidro que praticamente cobria toda uma parede e ficou observando aquelas coisas cambaleando pela rua. Eram muitos e parecia que a cada hora haviam mais e mais. Jade tentou não pensar muito naquilo ainda, decidiu esperar amanhecer, ela ainda se recuperava do último encontro que teve antes de conseguir um lugar para passar a noite.
A garota acabou adormecendo sentada, acordou com a claridade excessiva quando o sol invadiu a sala. Ela espreguiçou-se indo novamente conferir como estava a rua principal e realmente espantou-se quando viu que estava vazia. Isso definitivamente não era uma coisa comum. Jade vestiu sua jaqueta conferindo se tudo estava no lugar, procurou dentro da bolsa algo para comer e achou apenas uma barrinha de cereal. Agradeceu mentalmente por ter um bebedouro dentro da sala, assim ela conseguiu encher seus cantis.
Jade tirou a estante que havia colocado para interditar a porta, arrumou sua aljava nas costas e saiu em passos silenciosos. Pé por pé, a garota fazia o mesmo caminho do dia anterior, passava pelas mesmas salas e pelos mesmos corpos de mortos que ela havia derrubado. Assim que conseguiu sair do prédio, Jade contornou os carros abandonados conferindo se não havia nenhum morto por ali que pudesse pega-la desprevenida.
-SOCORRO. Enquanto Jade buscava por coisas que pudessem ser úteis, ela ouviu uma voz abafada alguns carros a frente. – POR FAVOR, ALGUÉM ME AJUDA. A garota sentiu-se tentada a ir embora, mas mesmo assim foi em direção da voz.
Andando se escondendo pelos carros, até chegar uma grande lixeira verde, Jade teve melhor visão do que estava acontecendo. Bem no meio da avenida, havia um grande carro preto e pelo que ela conseguiu ver alguém estava preso dentro enquanto mais e mais mortos se aproximavam. Jade levantou-se um pouco, tomando cuidado para que nada a visse além da pessoa que estava lá dentro. A garota fez um breve sinal pedindo silêncio, a pessoa pareceu ter entendido já que no mesmo instante parou de gritar.
Jade voltou no mesmo sentido que havia vindo, encontrou alguns mortos-vivos que facilmente eliminou com sua faca sem alarmar os demais. A garota andou mais um pouco até chegar em um carro vermelho, ela conseguiu abrir a porta do motorista e matar um homem já transformado. Jade cortou o cinto de segurança amarrando uma ponta no volante, ela envolveu o pescoço do morto e o puxou mais para frente, de modo que ficasse com a cabeça e o tronco sobre a direção. Com um puxão, o corpo do morto acionou a buzina fazendo o barulho ecoar por todas as ruas, Jade rapidamente amarrou na outra parte do volante para que o corpo segura-se a buzina continuamente.
A garota se afastou rapidamente, indo em direção do carro preto, que mesmo com o barulho da buzina ainda haviam alguns mortos rodeando. Jade posicionou-se perto da mesma lixeira, eliminando os que tinham restado com seu arco. Sobrou um que estava ainda se aproximando, a garota chutou a perna direita do andante fazendo ele cair de joelhos, Jade pegou sua faca e a enfiou na têmpora, logo jogando-o no chão. Ela tirou o corpo dos mortos que estavam impedindo a porta de ser aberta e ajudou um senhor que tinha um ferimento na perna.
- Muito obrigado, jovem. O senhor disse abraçando-a, a garota manteve-se quieta até dar um passo para trás. – Perdoe-me, mas se não fosse você aparecer eu jamais sairia dali. Ele dizia enquanto pegava a mochila que estava dentro do carro. Jade não se movia, mantinha o arco preparado para atirar. – Eu sou Lucian.
- Precisamos sair daqui. Jade disse observando a perna do homem. – O que é esse ferimento? A garota disse tentando examinar por cima da roupa rasgada. – Consegue andar?
- Eu cortei em um caco de vidro quando eu pulei uma janela. Ele disse colocando a mão na perna machucada. – Não é mordida. Lucian afirmou percebendo o olhar de desconfiança que a moça tinha. – Eu consigo andar. Falou dando alguns passos lentos.
Jade revirou os olhos enquanto puxava o lenço cinza que tinha no pescoço, a garota olhou ao redor para confirmar que não havia nada e então abaixou-se para amarrar sobre a ferida do homem.
- Vamos rápido, precisamos achar um lugar seguro. Jade disse colocando um braço do homem envolta do seu pescoço. – Se tentar qualquer coisa, eu quebro o seu braço e te deixo aqui mesmo. A garota disse auxiliando o homem na caminhada.
Eles andaram um pouco mais para o norte de onde estavam, parecia ser um lugar com menos mortos e com mais lugares para esconder-se. Jade fez Lucian escorar-se em um poste enquanto ela pegava seu arco para matar dois zumbis com apenas uma flechada. A garota buscou sua flecha e voltou para ajudar o homem.
- Você é realmente boa nisso, heim?! Lucian disse enquanto era praticamente arrastado pela garota que parecia impaciente olhando para todos os lados.
- Meu pai era um ótimo professor. Jade comentou parando em frente a um prédio grande. – Eu passei ontem aqui procurando por suprimentos, não tinha absolutamente nada, talvez seja um bom lugar para pensarmos no que fazer. A garota disse indo para a lateral do prédio. – Vamos subir por essa escada e entrar pela janela do segundo andar. Jade fez sinal para que o homem começasse a subir, com um pouco de dificuldade eles conseguiram chegar até o andaime que ficava em frente à janela. A garota abriu o vidro e fez uma breve inspeção no quarto. – Está limpo, eu tranquei pelo lado de dentro quando sai. Ela entrou e ajudou o homem a fazer o mesmo.
- Você realmente é uma sobrevivente. Lucian disse enquanto sentava-se no chão, seu ferimento parecia ter piorado por causa da movimentação. – Como consegue?
- Ainda não me disse como foi parar naquele carro, que pelo que notei, estava com os pneus furados. Jade falou enquanto parava de braços cruzados, sem dar ouvidos ao homem.
- Eu acabei me separando do meu grupo. Lucian falou olhando para baixo, visivelmente cansado.
- Grupo? Jade pareceu estar mais alerta – De quantos? Quantas pessoas? A garota observava o homem com mais atenção
- Eram dois casais e duas crianças. Lucian disse enquanto tirava a atadura de sua perna. – Estávamos indo para uma fazenda perto de Atlanta que pertencia a família de uma mulher do grupo. O homem levantou a calça até a altura que estava seu ferimento, exibindo um corte bem fundo. – Entramos em uma loja para tentar achar mantimentos, uma das crianças se separou e encontrou um morto-vivo, o som do tiro atraiu mais e mais mortos. Ele dizia enquanto tentava limpar o machucado com um lenço velho. – Corremos para fora, eu acabei me distanciando deles e tive que entrar naquele carro.
Jade parecia mais calma, mas ainda assim mantinha-se atenta a qualquer coisa fora do normal. A garota andou novamente pela pequena sala, parecia estar pensando no que fazer. Lucian a observava com curiosidade e medo, ele virá do que ela era capaz mesmo sendo tão franzina.
- Passamos por uma farmácia a umas quatro ruas daqui. Jade disse pegando seu arco e colocando-o no ombro. - Vou lá ver se tem alguma coisa para esse ferimento.
- Como vou saber que não está indo embora? Lucian pareceu aflito com a ideia de ser abandonado naquele lugar.
- Se estivesse indo embora, simplesmente diria ‘’ estou indo embora’’. Jade deu de ombros enquanto caminhava para perto da janela, a garota pegou um cantil de água e jogou para o homem. - Volto daqui a pouco, não saia daqui. Disse fechando a janela novamente.
Em passos largos, Jade atravessou a rua que parecia silenciosa mesmo tendo alguns mortos vagando por ali. Ela preferiu ir com a faca em punho, era melhor para um combate corpo-a-corpo, usaria o arco se tivesse em uma distância com melhor visão. Apesar de estar distante ela ainda conseguia ouvir o barulho da buzina, não queria nem imaginar quantos mortos haviam sido atraídos para lá. Jade acelerou sua caminhada, de longe ela conseguia ver a farmácia, na frente haviam alguns caminhantes, mas nada que fosse alarmante.
A garota preparou seu arco, colocou um joelho no chão mantendo o outro flexionado, com o tempo ela aprendeu como manter seu equilíbrio em qualquer posição. Disparou uma flecha a qual acertou o segundo zumbi, fazendo parte de sua cabeça sair junto. Logo ela se preparou para atirar no primeiro, mas um se movimentou e a flecha acabou pegando os dois de uma vez. Jade preferiu ir matar os outros dois que haviam restado com a faca, era rápido e igualmente silencioso.
Jade conseguiu pegar algumas coisas que seriam úteis para ajudar Lucian, quanto mais rápido ele se curasse mais rápido ela poderia ir embora. Ela ainda não havia pensado o que faria a respeito disso, mas a prioridade no momento era não deixar o ferimento infeccionar e evitar problemas maiores. Jade voltou para o prédio por um caminho diferente, apenas por precaução, pois caso alguém estivesse tentando embosca-la perderia o elemento surpresa.
- Demorou mais do que imaginei. A garota disse assim que entrou, Lucian pareceu aliviado assim que viu a garota. Jade vasculhou o lugar antes de entregar as coisas para ele. – Sabe como é. Falou enquanto se sentava na frente do homem.
- Achei que tinha ido embora. Lucian comentou pegando uma gaze para limpar seu ferimento.
- Deu vontade. Jade deu um pequeno sorriso de lado, ela não falava sério, mas era engraçado ver o pavor escondido no olhar de Lucian.
- Pegue alguma coisa para comer aqui. Lucian estendeu a ela sua mochila. – Eu ia te dar antes, mas você decidiu ir a farmácia... Ele baixou o tom de voz.
- E você ficou com medo que eu roubasse toda sua comida e te deixasse aqui? A garota fingiu estar indignada enquanto pegava a mochila. – É, talvez você estivesse certo. Ela pegou uma lata de sopa de legumes e abriu sem hesitação. Estava faminta.
- Sabe, você ainda não me disse seu nome. O homem questionou depois de um tempo enquanto dava pontos no seu corte.
- Jade. A garota respondeu simples, virando o restinho que tinha na lata. – Você tem bastante comida aqui, isso vai durar pelo menos um mês. Jade comentou pegando seu cantil da bolsa.
- Eu fiquei com os mantimentos que conseguimos achar antes. Lucian havia terminado de dar os pontos. – Eles ficaram com poucas coisas.
- Vocês vão se achar. Jade disse jogando para o homem as ataduras, ele sorriu agradecido.
[...]
Alguns dias se passaram, Lucian já estava bem melhor, conseguia caminhar e a infecção do ferimento havia sido combatida. Jade passava os dias fazendo rondas pelas ruas próximas em busca de suprimentos ou, se tivesse sorte, dos amigos de Lucian.
- Vamos para a fazenda da Kath, Jade. Lucian convidou novamente a garota para se juntar a ele.
- Eu estou vindo daqueles lados, Lucian. A garota disse arrumando sua bolsa. – Não vou voltar agora. Assegurou colocando as flechas na aljava. – Eu arrumei um carro, está na rua do lado, você pode pegar e ir atrás dos seus amigos. Jade disse enquanto saia pela janela.
- Eu posso te dar uma carona. Lucian falou enquanto seguia os mesmos passos da jovem, que agora já estava na rua pisando no crânio de um morto que se arrastava.
- Como vai me dar uma carona se eu vou para o outro lado? A garota perguntou debochada.- Ai está, é o branco. Jade jogou as chaves para o homem que as pegou no susto.
Lucian caminhou ao lado de Jade até chegar o carro, deu um abraço desajustado na garota enquanto sussurrava para ela ‘’obrigado’’ sem parar. Ele entrou no carro, deu partida para confirmar que o carro funcionava e abriu as janelas fazendo sinal para Jade se aproximar.
- Pega isso para você. Lucian falou sorridente jogando para Jade uma bolsa com mais alguns mantimentos. – Obrigado, Jade. O homem disse parecendo estar emocionado. Jade apenas fez um breve sinal com a cabeça enquanto Lucian se afastava com o carro.
Novamente estava sozinha, não que ela realmente se importasse com isso, mas toda vez que alguém se despedia ela sentia um vazio dentro de si. Jade virou-se para o outro lado, indo na direção contrária ao carro de Lucian. Ela não sabia se algum dia o veria novamente, ou se sobreviveriam a outros tipos de ataques, mas o que ela sabia no momento era que nem tudo estava perdido, nem tudo havia apodrecido.
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Jade Collins- Armas Brancas
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Ficha de Sobrevivente
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Re: Ficha de Especialização
avaliação
a morte é apenas o começo
— Jade Collins: Pois bem, Jade, o que dizer dessa ficha maravilhosa que acabei de ler? Além de dizer que foi maravilhosa, é claro. Well... você construiu muito bem a sua personagem, deve saber disso. O temperamento frio de uma caçadora, as atitudes pouco agradáveis (não dizendo que ela não seja, só reafirmo que tem um temperamento típico de um caçador) e mesmo a escolha das armas foram completas. Isso me deixou muito feliz, porque poucas são as vezes que alguém consegue esse feito.
Sua narração também mereceu destaque, devo dizer. Foi bem articulada e organizada, não poupando detalhes e com ótimas estratégias. Os únicos deslizes que eu vi foram na parte das falas, em que você não colocou travessões ao fim de cada uma (e deve ser feito, por mais que use as cores), e também em alguns períodos em que vírgulas tomaram os lugares de pontos; e para isso, leia em voz alta cada parte do seu texto, ajuda muito.
No entanto, nada disso foi capaz de ofuscar o fantástico desempenho que teve. Continue assim, sobrevivente, e meus parabéns!
todos atualizados!
Re: Ficha de Especialização
ficha de especialização
a morte é apenas o começo
✶ Qual especialização deseja adquirir?
Acampista
✶ Por que deseja ter essa especialização? {Aqui deve colocar o motivo de ter essa especialização}
Ajudar a pegar alimento, achar sobreviventes no meio da floresta e fazer o que for preciso para ajudar em acampamentos.
✶ Seu nível: 2
✶ Qual a sua relação passada com a especialização? {Para uma maior coerência, seu personagem deve ter tido alguma relação pré ou pós-apocalíptica com a especialização almejada, por menor que seja}
Lucy por morar em fazenda ia todo final de semana acampar com sua família e com isso seu pai lhe ensinou tudo para poder sobreviver na floresta.
✶ Relate uma situação onde você use a especialidade escolhida, demonstrando seus conhecimentos sobre ela. {Aqui deve relatar uma experiência usando características da especialização.}
Março de 2015
Lucy estava indo para os Estados Unidos para se juntar aos refugiados de lá por uma segurança maior, mas ela tinha de passar pelo estado de Ayowa para pegar suprimentos em um refugio próximo, o único caminho que talvez ela conseguisse se virar sem uma arma era pela floresta, quando estava adentrando a floresta pessoas vieram em sua direção e disseram que iam com a mesma que desta vez não iriam lhe deixar sozinha pelo o que ela havia feito no refugio na Inglaterra.
O seu sorriso ficou maior e com uma gratidão das pessoas e percebeu que sua promessa estava sendo cumprida, ao adentrarem na floresta a noite já estava chegando, a garota se dirigiu a uma árvore baixa e começou a cortá-la, cada segundo que a menina cortava a árvore, quanto mais ela cortava mais rápido o tempo passava e quando se percebeu, já era noite ela tinha de fazer a fogueira o mais rápido o possível, quando a mesma viu que as pessoas estavam com muito frio ela foi em direção deles e fez uma pequena fogueira, logo a menina pegava duas pedras para fazer o fogo e quando a fogueira se ascendeu, a garota se levantou para colocar algumas armadilhas ao redor e pegar comida.
-Pessoal fiquem perto do fogo, vou colocar armadilhas em volta do acampamento. – Dizia ela indo ao meio da floresta.
A menina então começou a colocar algumas armadilhas para esquilos, como espinhos improvisados no chão com a madeira que havia sobrado, depois ela foi para as armadilhas pesadas e então ela começou a cortar uma outra árvore, só que esta vez grande e com partes do troco e cipós ela fez com que se o animal passasse e o cipó arrebentasse o tronco viesse ao seu encontro e com o impacto ele poderia morrer, logo que ela terminou a menina voltou ao acampamento e logo as pessoas começaram a se aproximavam e a puxava-la para a fogueira, logo o sono vinha mais pesado e sendo assim que se aconchegou acabou desmaiando de sono.
No dia seguinte as pessoas já se apresavam e começavam a acordar Lucy, no susto a garota pula do chão e logo em seguida sai para olhar as armadilhas, ela havia pegado 9 esquilos e um porco, o que para todos já estava muito bom, mas nem mesmo ela sabia que estávamos mais perto dos Estados Unidos e que o seu suprimento teria de esperar, ao meio dia eles já estávamos quase chegando faltando apenas alguns metros, mas logo pararam e então Lucy percebeu que as pessoas estavam com muita fome, um deles havia montando uma fogueira e dizia que iria pegar comida.
-Não será necessário fiz tudo a noite, aqui tem 9 esquilos e um porco! – Dizia a garota para eles colocando na fogueira o que havia pegado, ela poderia ser a única a não comer, mas quem liga, o importante é que eles vão ficar bem.
As pessoas perceberam que Lucy estava dando a sua oportunidade de comer ao grupo e então duas pessoas começaram a dividir seu esquilo e seu porco ela, o olhar de gratidão se resumir a fomo e logo foi comer e logo que eles almoçaram os sobreviventes continuaram a andar mais três metros e mais um refugiu ali por perto foi encontrado, os mesmos pediram que o pequeno grupo ficasse e que se recuperasse, Lucy sorri e agradeceu assim ficando por ali.
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Lucy Heartphilia- Acampista
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Ficha de Sobrevivente
Vida:
(100/100)
Energia:
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Inventário:
Re: Ficha de Especialização
ficha de Especialização
a morte é apenas o começo
❖ Qual especialização deseja adquirir?
Mecânico
❖ Por que deseja essa especialização?
Além de complementar a história do meu personagem, irá ser extremamente útil para a convivência em grupo, reparo de armas e veículos e até mesmo a criação de alguns itens.
❖ Seu nível:
Nível 1:
❖ Qual a sua relação passada com essa especialização?
Antes da praga o personagem havia trabalhado como mecânico na juventude, primeiro para pagar a escola e depois a faculdade, depois de sair da faculdade voltou trabalhar no ramo durante 2 anos, totalizando 7 anos de serviço.
❖ Relate uma situação onde você use a especialidade escolhida, demonstrando seus conhecimentos sobre ela.
O som da batida de uma porta de carro emanava sobre o local, Ray o jovem alto, esbelto e com uma barba em serrilhado, seus cabelos pretos e levemente cacheados caiam sobre o seu rosto, sua expressão era de frustração e revirava os olhos ao ouvir o baque da porta, estava imensamente incomodado com a situação e estava com as mãos apoiadas sobre o capô levantado de um carro. — Anda logo com esse caralho Ray, não temos a porra do tia todo! — Afirmou o baixinho de 1,63 de altura, um homem de meia idade com um bigode a la The Bartender, calvo ao ponto que só tinha cabelo pelos lados da cabeça e fazia um Mullet falho, uma blusa Wife Beater branca e calças Jeans com botas de couro marrom, tinha a aparência completa de um "Asshole" como dizia o irmão de Ray, Revan Acceti. — Isso leva tempo Vance, a bateria deste aqui está morta, não dá nem para fazer uma chupeta, pelo lado bom podemos estocar o radiador, a transmissão também foi para o espaço, o motor parece ser novo e aparenta estar funcionando, pena que não temos como estocar ele, vamos precisar de espaço na Van... — Afirmava com uma expressão de cansaço, dando um suspiro e fechando o capô partindo para a outra faixa da auto-estrada que levava até a Flórida, ali eles buscavam uma nova bateria para a Van que fazia parte de um comboio de sobreviventes, aproximadamente 7 carpinteiros, 5 mulheres e 3 crianças e 1 mecânico, Ray, os outros não tinham a mínima noção de como trocar uma bateria ou até mesmo um pneumático, Vance o líder era o mais burro de todos e o menos carismático, o que ele faz questão de compensar com um sistema de governo patriarca e como diria Mark, o cara tem a porra de uma Smith & Wesson 500, aquela coisa pode explodir a cabeça de um errante com apenas um disparo, pelo lado ruim fode completamente a mão do usuário, mas e daí?
Por enquanto Ray deveria aturar Vance e seu grupo de degenerados como novamente diria Mark, aquilo estava condenado a desabar, era um bando de alcoólatras e mães de família impacientes e que não reconhecem a situação que estão, ainda acham que podem festejar e beber só porque ainda não perderam alguém do grupo, mas isso irá mudar, talvez alguma noite Vance beba demais e acabe por atirar em alguém, ou algum infeliz pegue a mulher do outro, ou até mesmo não percebem a horda que está por vir devido ao barulho emitido pelo comboio de 1 caminhão, 2 carros e uma vã. O rapaz os encontrou por acaso enquanto buscava suprimentos em uma loja de penhores da área, conseguiu algumas espingardas de patos bem antigas, alguns tacos autografados e umas figurinhas de beisebol, inspeciona mais um carro para ver se consegue aproveitar aquela bateria que de primeira já dá para perceber que está um tanto fodida, talvez de para aproveitar uns 1,5 KM ou fazer uma chupeta em uma que preste, o depósito de compensador refrigerante (não o de beber, mas sim para refrigerar o motor) estava intacto e iriam precisar bastante dele no calor do Sul, Ray ficava distraído por alguns instantes, olhando fixamente para as partes e se lembrando da época que trabalhava em uma oficina, esse cheiro de óleo e borracha queimada era parte do dia-a-dia do rapaz e está voltando a ser agora graças ao comboio, ele está cansado de tanto reparar os carros e os equipamentos, além de ter trabalhado na oficina ele ajudava o seu pai a consertar equipamentos quebrados de casa e dos vizinhos para ganhar alguns trocados, o velho Costa Acceti, o velhote faz falta nesses tempos pós-apocalípticos, ele morreu a quase uma década e meia, ele iria adorar a liberdade e a violência que esse novo mundo proporciona, por partes o Vance lembra um pouco seu pai, durão, homem de família e sempre está carregando um ferro pesado para a defesa. — Está batendo punheta aí atrás? Quanto tempo vai levar para esse retardado conseguir a porra de uma bateria? — A voz de Vance não tirava Ray do seu estado de transe, na verdade aquilo o aprofundava ainda mais nas memórias de infância, sempre foi desconectado assim, bem, não seria bem desconectado, já que ele está ciente de tudo o que acontece ao seu redor, só não quer fazer parte disso.
No fim o rapaz conseguiu achar uma bateria completamente nova, mas teve que fazer uma chupeta para transferir a carga para outra bateria, já que aquela não iria caber na Van. Ele estava deitado sobre o compartimento de cargas do caminhão, dormia ali encima pois não suportava o cheiro de suor e a conversa deplorada, observava o céu escuro e nublado, o cheiro de óleo de motor o trazia de volta a garagem de casa, quando era um pivete de 11 anos, estava perto de uma mesa de reparos de ferro com um bastão de madeira quebrado, um rolo de fita isolante na mão, uma pequena bateria, alguns fios condutores e uma barra de ferro, o engraçado é que na época havia feito aquilo para uma fantasia de Halloween, mas quem sabe hoje não seria útil um bastão elétrico para os vivos e mortos? Isso fazia o lembrar de Costa, seu pai, foi ele quem o ensinou tudo sobre reparos, desde televisões antigas, peças de carros e como mexer com eletricidade sem levar um baita choque, era conhecido como o faz tudo da região e pretendia passar ao rapaz todos os seus conhecimentos da área para que quando o câncer finalmente vencesse os seus órgãos, Ray tivesse alguma profissão para sustentar sua mãe e seu irmão. Ele descia do compartimento de cargas pegava o radiador que havia arrancado do outro carro, um dos homens olhava torto para ele, como se estivesse perguntando o que diabos iria fazer com aquilo. — Irei verificar se está mesmo tudo Ok com o radiador, não quero que isso nos deixe na mão... — Dizia para o homem que apenas acenava a cabeça e voltava a beber uma garrafa inteira de Vodka, Ray aproveitava a oportunidade para pegar a peça da transmissão e ia para um Corsa Sedan antigo, provavelmente só conseguiria andar uns 5 KM com aquilo, mas era um pouco mais rápido que os carros do comboio que estava parado sobre a perigosa estrada, Ray trocava o transmissor quebrado e colocava o novo radiador ali, com bastante cuidado para não danificar algo e para não despertar a atenção de alguém ali, então entrava no carro que estava com as chaves na ignição, alguém o abandonou ali e correu feito um desesperado provavelmente, Ray dava partida sem nem olhar para trás e a Van tentava o seguir sem sucesso, o Sedan azulado sumia de vista em pouco tempo, atraindo diversos caminhantes para a locação devido a comoção do comboio atrás de Ray, os forçando a dar meia volta e pegar outra estrada.
Mecânico
❖ Por que deseja essa especialização?
Além de complementar a história do meu personagem, irá ser extremamente útil para a convivência em grupo, reparo de armas e veículos e até mesmo a criação de alguns itens.
❖ Seu nível:
Nível 1:
❖ Qual a sua relação passada com essa especialização?
Antes da praga o personagem havia trabalhado como mecânico na juventude, primeiro para pagar a escola e depois a faculdade, depois de sair da faculdade voltou trabalhar no ramo durante 2 anos, totalizando 7 anos de serviço.
❖ Relate uma situação onde você use a especialidade escolhida, demonstrando seus conhecimentos sobre ela.
O som da batida de uma porta de carro emanava sobre o local, Ray o jovem alto, esbelto e com uma barba em serrilhado, seus cabelos pretos e levemente cacheados caiam sobre o seu rosto, sua expressão era de frustração e revirava os olhos ao ouvir o baque da porta, estava imensamente incomodado com a situação e estava com as mãos apoiadas sobre o capô levantado de um carro. — Anda logo com esse caralho Ray, não temos a porra do tia todo! — Afirmou o baixinho de 1,63 de altura, um homem de meia idade com um bigode a la The Bartender, calvo ao ponto que só tinha cabelo pelos lados da cabeça e fazia um Mullet falho, uma blusa Wife Beater branca e calças Jeans com botas de couro marrom, tinha a aparência completa de um "Asshole" como dizia o irmão de Ray, Revan Acceti. — Isso leva tempo Vance, a bateria deste aqui está morta, não dá nem para fazer uma chupeta, pelo lado bom podemos estocar o radiador, a transmissão também foi para o espaço, o motor parece ser novo e aparenta estar funcionando, pena que não temos como estocar ele, vamos precisar de espaço na Van... — Afirmava com uma expressão de cansaço, dando um suspiro e fechando o capô partindo para a outra faixa da auto-estrada que levava até a Flórida, ali eles buscavam uma nova bateria para a Van que fazia parte de um comboio de sobreviventes, aproximadamente 7 carpinteiros, 5 mulheres e 3 crianças e 1 mecânico, Ray, os outros não tinham a mínima noção de como trocar uma bateria ou até mesmo um pneumático, Vance o líder era o mais burro de todos e o menos carismático, o que ele faz questão de compensar com um sistema de governo patriarca e como diria Mark, o cara tem a porra de uma Smith & Wesson 500, aquela coisa pode explodir a cabeça de um errante com apenas um disparo, pelo lado ruim fode completamente a mão do usuário, mas e daí?
Por enquanto Ray deveria aturar Vance e seu grupo de degenerados como novamente diria Mark, aquilo estava condenado a desabar, era um bando de alcoólatras e mães de família impacientes e que não reconhecem a situação que estão, ainda acham que podem festejar e beber só porque ainda não perderam alguém do grupo, mas isso irá mudar, talvez alguma noite Vance beba demais e acabe por atirar em alguém, ou algum infeliz pegue a mulher do outro, ou até mesmo não percebem a horda que está por vir devido ao barulho emitido pelo comboio de 1 caminhão, 2 carros e uma vã. O rapaz os encontrou por acaso enquanto buscava suprimentos em uma loja de penhores da área, conseguiu algumas espingardas de patos bem antigas, alguns tacos autografados e umas figurinhas de beisebol, inspeciona mais um carro para ver se consegue aproveitar aquela bateria que de primeira já dá para perceber que está um tanto fodida, talvez de para aproveitar uns 1,5 KM ou fazer uma chupeta em uma que preste, o depósito de compensador refrigerante (não o de beber, mas sim para refrigerar o motor) estava intacto e iriam precisar bastante dele no calor do Sul, Ray ficava distraído por alguns instantes, olhando fixamente para as partes e se lembrando da época que trabalhava em uma oficina, esse cheiro de óleo e borracha queimada era parte do dia-a-dia do rapaz e está voltando a ser agora graças ao comboio, ele está cansado de tanto reparar os carros e os equipamentos, além de ter trabalhado na oficina ele ajudava o seu pai a consertar equipamentos quebrados de casa e dos vizinhos para ganhar alguns trocados, o velho Costa Acceti, o velhote faz falta nesses tempos pós-apocalípticos, ele morreu a quase uma década e meia, ele iria adorar a liberdade e a violência que esse novo mundo proporciona, por partes o Vance lembra um pouco seu pai, durão, homem de família e sempre está carregando um ferro pesado para a defesa. — Está batendo punheta aí atrás? Quanto tempo vai levar para esse retardado conseguir a porra de uma bateria? — A voz de Vance não tirava Ray do seu estado de transe, na verdade aquilo o aprofundava ainda mais nas memórias de infância, sempre foi desconectado assim, bem, não seria bem desconectado, já que ele está ciente de tudo o que acontece ao seu redor, só não quer fazer parte disso.
No fim o rapaz conseguiu achar uma bateria completamente nova, mas teve que fazer uma chupeta para transferir a carga para outra bateria, já que aquela não iria caber na Van. Ele estava deitado sobre o compartimento de cargas do caminhão, dormia ali encima pois não suportava o cheiro de suor e a conversa deplorada, observava o céu escuro e nublado, o cheiro de óleo de motor o trazia de volta a garagem de casa, quando era um pivete de 11 anos, estava perto de uma mesa de reparos de ferro com um bastão de madeira quebrado, um rolo de fita isolante na mão, uma pequena bateria, alguns fios condutores e uma barra de ferro, o engraçado é que na época havia feito aquilo para uma fantasia de Halloween, mas quem sabe hoje não seria útil um bastão elétrico para os vivos e mortos? Isso fazia o lembrar de Costa, seu pai, foi ele quem o ensinou tudo sobre reparos, desde televisões antigas, peças de carros e como mexer com eletricidade sem levar um baita choque, era conhecido como o faz tudo da região e pretendia passar ao rapaz todos os seus conhecimentos da área para que quando o câncer finalmente vencesse os seus órgãos, Ray tivesse alguma profissão para sustentar sua mãe e seu irmão. Ele descia do compartimento de cargas pegava o radiador que havia arrancado do outro carro, um dos homens olhava torto para ele, como se estivesse perguntando o que diabos iria fazer com aquilo. — Irei verificar se está mesmo tudo Ok com o radiador, não quero que isso nos deixe na mão... — Dizia para o homem que apenas acenava a cabeça e voltava a beber uma garrafa inteira de Vodka, Ray aproveitava a oportunidade para pegar a peça da transmissão e ia para um Corsa Sedan antigo, provavelmente só conseguiria andar uns 5 KM com aquilo, mas era um pouco mais rápido que os carros do comboio que estava parado sobre a perigosa estrada, Ray trocava o transmissor quebrado e colocava o novo radiador ali, com bastante cuidado para não danificar algo e para não despertar a atenção de alguém ali, então entrava no carro que estava com as chaves na ignição, alguém o abandonou ali e correu feito um desesperado provavelmente, Ray dava partida sem nem olhar para trás e a Van tentava o seguir sem sucesso, o Sedan azulado sumia de vista em pouco tempo, atraindo diversos caminhantes para a locação devido a comoção do comboio atrás de Ray, os forçando a dar meia volta e pegar outra estrada.
Death is only the beginning ♦ Walkers
Ray Acceti- Mecânicos
- Mensagens : 3
Data de inscrição : 15/04/2016
Ficha de Sobrevivente
Vida:
(100/100)
Energia:
(100/100)
Inventário:
Re: Ficha de Especialização
avaliação
They call me Safadown. "Go, Safadown".
— Lucy Heartphilia
A ficha foi simples, mas direta. Você abordou os pontos obrigatórios de forma sucinta, sendo objetiva e convincente. É um bom enredo e achei interessante a sua escolha, mas, ainda assim, devo alertá-la para tomar cuidado com a pontuação. Você só usa ponto no final dos parágrafos, e entre isso, quando tem algo, é uma vírgula, o que acaba com a fluidez do texto. Você pode usar ponto sim no meio do parágrafo; é cansativo ter que ler cerca de sete linhas direto sem ponto. Lembre-se: a vírgula é uma pausa curta; o ponto é uma pausa mais longa; e, quando não tiver nada, vai lendo direto. Aconselho você a ler seus textos em voz alta e usar essa regrinha pra se orientar melhor. Vamos ver o que falei em prática abaixo.
Nesse caso, o mais adequado na pontuação (além de palavras mal colocadas, em que substituí por equivalentes, e também a repetição de "logo" no final), seria:A menina então começou a colocar algumas armadilhas para esquilos, como espinhos improvisados no chão com a madeira que havia sobrado, depois ela foi para as armadilhas pesadas e então ela começou a cortar uma outra árvore, só que esta vez grande e com partes do troco e cipós ela fez com que se o animal passasse e o cipó arrebentasse o tronco viesse ao seu encontro e com o impacto ele poderia morrer, logo que ela terminou a menina voltou ao acampamento e logo as pessoas começaram a se aproximavam e a puxava-la para a fogueira, logo o sono vinha mais pesado e sendo assim que se aconchegou acabou desmaiando de sono.
A menina então começou a colocar algumas armadilhas para esquilos, como espinhos improvisados no chão com a madeira que havia sobrado. Depois ela foi para as armadilhas pesadas, e então começou a cortar uma outra árvore, só que desta vez maior e com partes do troco e cipós. Ela fez com que, se o animal passasse e o cipó arrebentasse, o tronco viesse ao seu encontro e com o impacto ele poderia morrer. Assim que terminou, a menina voltou ao acampamento e logo as pessoas começaram a se aproximar. Puxavam-la para a fogueira, o sono vinha mais pesado, então se aconchegou e acabou desmaiando de sono.
Mas, ainda assim, foi uma boa ficha, como disse no começo. O suficiente para ser aprovada. Bem-vinda, acampista.
— Ray Acceti
Não irei me prolongar aqui, aliás, não tenho muito o que dizer. Em geral, uma boa ficha. Trama bem construída, boa escrita... não tenho o que reclamar nisso. Apenas gostaria de alertar-lhe sobre a separação entre a narração e as falas. No seu texto, não há isso. No meio do parágrafo aparece um travessão indicando um fala, isso é uma mistura inadequada do discurso direto com o indireto. Aconselho você a "dar linha" nisso, separando-os.
No mais, é isso. Você também não se prolongou muito, fez uma escolha interessante, conseguiu não enrolar e ir direto ao ponto, além de me convencer. Não há motivo para não lhe aprovar. Meus parabéns, mecânico.
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